São Paulo, sábado, 17 de abril de 2004 |
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Meirelles afirma que os fundamentos da economia estão bons e que volatilidade do mercado é normal "Não podemos controlar opiniões", diz BC
CLÁUDIA TREVISAN ENVIADA ESPECIAL A XANGAI O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem em Xangai (China) que a instituição pode responder pelas próprias ações, mas não pode "controlar opiniões". "As opiniões fazem parte do julgamento individual e mudam com o correr do tempo. O importante é que os fundamentos da economia brasileira estão cada vez mais sólidos." Foi uma resposta ao relatório do banco de investimentos JP Morgan, que, anteontem, rebaixou a recomendação de compra dos títulos públicos brasileiros. O banco elencou uma série de riscos que cercam a economia brasileira para justificar a decisão. O mercado financeiro reagiu mal e, na quinta, o risco-país subiu 11%. O presidente do BC estava viajando para a China enquanto a turbulência assolava o mercado financeiro. Quando chegou a Xangai, para o encontro anual do IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês), falou com a Folha. Meirelles voltou a defender os fundamentos da economia brasileira e disse que os "mercados têm a sua volatilidade normal". "Bolsas sobem e descem por razões de conjuntura. E o importante é que olhamos para os fundamentos." Ontem, o mercado financeiro reagiu com mais calma, apesar de novos rebaixamentos sofridos pelos papéis brasileiros por bancos no exterior. "Os fundamentos da economia brasileira são extremamente positivos. O Brasil está mostrando uma melhora na situação macroeconômica, está retomando o crescimento com saldo comercial sólido, e é a primeira vez que isso acontece na história recente", disse Meirelles. Ele citou, como exemplos, a redução dos juros da dívida pagos em relação às exportações, a dívida externa total sobre exportações e a situação das reservas. "São todos índices que mostram fundamentos cada vez melhores e dão condições para olhar a situação de maior ou menor liqüidez do mercado com dose muito maior de segurança. Não devemos nos basear nos humores do mercado." Juros nos EUA Sobre o outro componente de risco para as economias emergentes -a ameaça de elevação nos juros dos EUA-, o presidente do BC disse que seria um acontecimento normal. "Os juros americanos estão em níveis historicamente baixos [1%] e é normal que em certo momento comecem a voltar a seus patamares históricos, o que tem influência na economia de todos os países. O importante é que o Brasil tem hoje fundamentos sólidos o suficiente para olhar com tranqüilidade a evolução do juro americano." Para ele, o impacto de uma elevação dos juros seria menor para o Brasil agora do que no passado. "Hoje, como há superávit em conta corrente, o Brasil depende muito menos da liqüidez dos mercados internacionais. Nós estamos quase um ano à frente de nossas metas planejadas para as contas internacionais. O BC anunciou em janeiro que todos os vencimentos de abril, maio e junho, que preocupavam antes o mercado, já estavam comprados pelo Tesouro. A situação nesse aspecto é bastante confortável." De acordo com Meirelles, a história mostra que a liqüidez dos mercados se alterna. "Há momentos de maior e de menor liqüidez, e os países devem estar preparados para lidar com isso." Meirelles reiterou sua perspectiva de que o Brasil cresça ao menos 3,5% neste ano. Segundo ele, a pressão por um ritmo mais acelerado de expansão é "legítima" e compartilhada pelo BC. Texto Anterior: Detalhe: Citigroup aprova títulos 1 dia antes de rebaixá-los Próximo Texto: Ilha do paraíso: Céu não vai carregar, afirma Palocci Índice |
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