São Paulo, domingo, 17 de abril de 2005

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CAIXA-FORTE

Segundo JP Morgan, maioria dos que deixaram lista dos mais endinheirados concentrou patrimônio erroneamente

Rico não diversifica, gasta demais e perde fortuna, diz estudo

DA BLOOMBERG

Nem sempre as pessoas ricas ficam mais ricas, pois geralmente elas gastam demais e não distribuem bem seus investimentos, segundo um estudo realizado pelo banco JP Morgan Chase.
Apenas 13% das 400 pessoas mais ricas que apareceram no ranking dos endinheirados da revista "Forbes" em 1982 entraram na lista do ano passado.
Desse total, 205 pessoas saíram do ranking devido à maneira pela qual administraram seu dinheiro, diz o JP Morgan em um estudo divulgado na semana passada em Zurique (Suíça).
Outras 145 pessoas ou morreram ou distribuíram sua fortuna a membros de sua família ou a fundações. Assim, somente as demais 50 pessoas (os 13%) apareceram nas duas listagens.
"É muito difícil ficar rico, mas também é muito difícil manter-se rico por várias gerações", disse Benoit Dumont, chefe da divisão de administração de grandes fortunas do JP Morgan em Genebra. "Se você quer permanecer rico, você não pode manter seus recursos concentrados."
Os investidores que colocam todo o seu dinheiro em uma única ação estão diante de uma chance superior a 50% de que o poder de compra de seu investimento diminua após um período de 20 anos, revela o estudo.
Ao investir em ativos variados, a possibilidade de perda do poder de compra cai para 15%. Em outras palavras, é sempre prudente evitar colocar todos os ovos no mesmo cesto.

Buffett permanece
O presidente do conselho administrativo da Berkshire Hathaway, Warren Buffett, o bilionário investidor norte-americano, está entre as 50 pessoas que se mantiveram na lista da "Forbes" durante o período de 22 anos coberto pelo estudo.
O sucesso de Buffett se deve, em parte, a uma estratégia diversificada de investimentos, diz Dumont. Em quatro décadas, Buffett, 74, transformou a Berkshire, com sede em Omaha (Nebraska, Estados Unidos), de uma empresa têxtil em uma companhia de participações que vale US$ 137 bilhões, por meio da aquisição de títulos em baixa e de empresas desvalorizadas.
A empresa é a maior acionista da Coca-Cola, sediada em Atlanta, da American Express, sediada em Nova York, e da Gillette, sediada em Boston.

Gastos
Para manter suas fortunas, as pessoas também têm de ficar atentas a seus gastos, diz Dumont, cuja equipe de 420 funcionários auxilia na administração de aproximadamente US$ 21 bilhões para clientes com pelo menos US$ 25 milhões para investir.
As pessoas ricas que gastam pelo menos 3% de seus ativos anualmente têm 90% de chance de manter seu poder de compra após 20 anos.
Para aqueles que gastam 5% de sua fortuna, a probabilidade de que eles tenham o mesmo poder de compra em 20 anos cai para menos de 40%, segundo o estudo.
"Acreditamos que esta é uma década de retornos de um só dígito para investimentos em ações e bônus", afirmou Craig Anderson, que desenvolve estratégias de alocação de ativos para os clientes da divisão de administração de grandes fortunas do JP Morgan na Europa.
"Se você gastar 5% [de sua fortuna] e a inflação for de 2% ou 3%, é muito fácil fazer com que sua riqueza passe a registrar saldo negativo."
Em 2003, a divisão de administração de grandes fortunas do JP Morgan ficou na sétima posição do ranking mundial em termos de ativos administrados, segundo a Scorpio Partnership, empresa de consultoria londrina em gerenciamento de fortunas.
O UBS, sediado em Zurique, é o maior administrador mundial de fortunas, contabilizando, até o final do ano passado, 778 bilhões de francos suíços (US$ 641 bilhões) em ativos de clientes endinheirados. A Merrill Lynch ficou em segundo lugar nesse ranking.


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