São Paulo, sábado, 17 de maio de 1997.



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MERCADO FINANCEIRO
Presidente do BC diz que é mais fácil situação internacional piorar do que melhorar para o país
Juro externo vai subir mais, prevê Loyola

da Reportagem Local

O presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, reconheceu ontem em seminário em São Paulo que, para o Brasil, é mais fácil a conjuntura internacional piorar do que melhorar.
"Concordo que a possibilidade de redução da liquidez (no mercado financeiro internacional) é maior que a de ocorrer o contrário", afirmou Loyola.
Traduzindo o economês, o presidente do BC quis dizer que as taxas de juros internacionais devem continuar subindo, trajetória iniciada pelo banco central norte-americano em meados de março.
Para o Brasil, os efeitos são principalmente dois: de um lado, encarece o custo dos empréstimos internacionais tanto para o governo como para as empresas brasileiras. De outro, tende a reduzir o fluxo de dólares para o país.
A afirmação do presidente do BC foi feita durante o seminário "Os Riscos e as Oportunidades do Mercado de Capitais", da Internews.
Arturo Porzecanski, economista-chefe no Brasil do ING/Barings, que também participava do debate, foi quem levantou a tese de que o cenário internacional deve começar a complicar a vida do real.
Para ele, os juros devem voltar a subir nos EUA e ainda em outros mercados financeiros importantes, como o do Japão.
"A situação externa vai melhorar?", perguntou o economista, para responder: "Não, a situação deve piorar para o Brasil".
Para ele, a situação fica ainda mais delicada para o país já que, segundo sua análise, a necessidade de dólares para fechar as contas externas deve aumentar em 98.
Para o ex-presidente do BC Francisco Gros, atualmente alto executivo do banco norte-americano Morgan Stanley, a tradição de moratória do Brasil atrapalha a análise que os investidores internacionais fazem do país.
Para ele isso não justifica o fato de outros países chamados "emergentes" terem avaliação melhor que a brasileira, o que o custo das emissões de títulos do Brasil no exterior comprovaria.
"As taxas pagas pelo Brasil são próximas das da Argentina, por exemplo. Mas a nota da economia argentina é melhor que a nossa."



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