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COLAPSO DA ARGENTINA
Seria o segundo perdão concedido pelo Fundo; reservas do país estão abaixo de US$ 11 bilhões
FMI deve adiar dívida, e Argentina respira
JOÃO SANDRINI
DE BUENOS AIRES
O FMI (Fundo Monetário Internacional) deu ontem um sinal de
apoio à Argentina ao anunciar
que deve adiar por um ano o pagamento de uma divida de US$
130 milhões que venceria no dia
22. Em seguida, o Banco Mundial
e os EUA também fizeram declarações em tom conciliador.
No caso do FMI, o porta-voz
Thomas Dawson disse ontem que
a gerencia da instituição recomendou à sua diretoria-executiva
que o empréstimo não seja pago
agora. A decisão final deve sair
nos próximos dias. Se confirmado, seria o segundo perdão concedido ao país, uma vez que em 16
de janeiro o Fundo havia adiado a
cobrança de US$ 933 milhões.
Dessa forma, a Argentina não
precisará voltar a usar as reservas
internacionais para evitar entrar
em "default" (calote) com os organismos multilaterais. As reservas, que estão abaixo de US$ 11 bilhões, tiveram queda significativa
nesta semana, quando o país pagou uma dívida de US$ 680 milhões com o Banco Mundial.
Dawson informou que uma
missão técnica do FMI começou a
trabalhar ontem em Buenos Aires
na análise da política monetária.
O Fundo pede a eliminação dos títulos emitidos pelas Províncias
(Estados) que funcionam como
moedas paralelas e já representariam um terço de todo o dinheiro
em circulação no país. Além disso, o vice-ministro da Economia,
Enrique Devoto, admitiu que o
governo deverá renegociar com o
FMI o limite de emissão de até 3,5
bilhões de pesos neste ano, que já
foi estourado.
Na próxima semana, uma segunda missão do Fundo chegará à
Argentina para analisar a parte
fiscal. O governo ainda precisa firmar o acordo para a redução do
déficit de 14 Províncias.
Além do apoio do FMI, a Argentina também recebeu sinais de
alento dos EUA e do Bird. O secretário do Tesouro americano,
Paul O'Neill, disse acreditar que o
país ""está progredindo", em referencia à aprovação da Lei de Falências no Senado. No entanto,
lembrou que a Argentina ainda
deve votar a Lei de Subversão
Econômica na Câmara para receber ajuda. Já o vice-presidente do
Banco Mundial, David de Ferranti, dise que o país terá empréstimos da instituição uma vez que
chegue a um acordo com o FMI.
A retomada de um diálogo amigável com o exterior fez a cotação
do dólar cair 0,9% ontem, vendido a 3,29 pesos nas casas de câmbio de Buenos Aires. Também levou otimismo ao mercado a estimativa de que a arrecadação atinja 4,5 bilhões de pesos neste mês,
o melhor resultado desde a posse
do presidente Eduardo Duhalde.
O Banco Central foi novamente
alvo de rumores ontem. Os boatos voltavam a falar na renúncia
do presidente da entidade, Mario
Blejer, e de outros dois diretores.
No entanto, o BC confirmou apenas que a diretora Amalia Martinez deixaria a instituição.
Os rumores sobre a saída de
Blejer começaram há vários meses, mas se intensificaram na semana passada. Especula-se que
ele não estaria contente com o Ministério da Economia por não ser
chamado a discutir soluções para
acabar com o ""curralzinho".
O governo estuda agora criar
uma nova restrição para o saque
dos depósitos nos bancos. Desta
vez, a equipe econômica pode estabelecer um teto de 2.000 pesos
para o saque mensal nas contas-salário, que estavam isentas de
restrições desde fevereiro.
Por outro lado, o ministro Roberto Lavagna (Economia) pretende dar cinco opções para os correntistas receberem de volta os depósitos a prazos fixos).
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