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ARTIGO
China deve dosar juro para esfriar economia
JAMES KYNG
DO "FINANCIAL TIMES", EM PEQUIM
As taxas de juros na China
deveriam ser elevadas "diversas vezes", em pequenos aumentos, para conter o investimento excessivo e esfriar o crescimento do crédito, mas as autoridades devem se resguardar contra
a possibilidade de causar a desaceleração econômica, recomendou uma organização de pesquisa
ligada ao gabinete chinês.
Em relatório datado de 30 de
abril e obtido pelo "Financial Times" na semana passada, o Centro de Pesquisa de Desenvolvimento do Conselho de Estado, o
gabinete da China, fez sete recomendações, entre as quais a redução nos gastos do governo, a elevação das taxas de juros e a aprovação de saídas de fundos para os
mercados de capital no exterior.
As recomendações foram feitas
antes da divulgação, na semana
passada, de números oficiais
mostrando que o crescimento da
base monetária continuava a ser
de vigorosos 19,2% anuais, em
abril, em relação ao mesmo período em 2003. Outros importantes
indicadores econômicos, no entanto, mostraram tendência de ligeira queda.
O centro de pesquisa disse que
Pequim deveria ter por objetivo
um crescimento de 17% a 19% para a base monetária neste ano e
que o crescimento do crédito em
yuan (a moeda do país) deveria ficar abaixo de 21%, a fim de conservar a inflação abaixo de 5% em
2004. De acordo com o índice oficial de preços ao consumidor, a
inflação subiu 2,8% no primeiro
trimestre.
"Para impedir que a inflação suba demais ou que os juros reais fiquem baixos em excesso, deveríamos elevar as taxas de depósitos
diversas vezes, em pequenos incrementos, e elevar as taxas de
empréstimo por margem mais alta", afirma o relatório.
O estudo não sugere um cronograma para a elevação dos juros,
mas diz que, para contrabalançar
a pressão de alta que essa medida
poderia causar sobre a taxa de
câmbio do yuan, algumas instituições domésticas deveriam ser autorizadas a investir no exterior,
sob um esquema conhecido como Investidores Institucionais
Domésticos Qualificados, recentemente proposto. O centro também recomenda que o investimento excessivo seja retardado
por meio de "controle severo" das
ações dos governos locais, uma
política que Pequim já adotou.
As demais recomendações do
estudo também acompanham a
política existente do governo. Em
todas as suas ações, enfatiza o
centro de pesquisa, as autoridades deveriam agir com sutileza,
"sem pisar demais no freio" ou
usar "uma faca que corte tudo".
Os números divulgados na semana passada demonstram que a
produção industrial subiu 19,1%
nos 12 meses até abril, ante 19,4%
no mês anterior. As importações
cresceram 42,9% nos 12 meses até
abril, ante 42,8% até março. O déficit comercial subiu para US$
2,26 bilhões em abril, ante US$
540 milhões em março. O investimento estrangeiro direto real
atingiu US$ 5,55 bilhões em abril,
ante US$ 5,8 bilhões em março.
Tradução de Paulo Migliacci
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