São Paulo, domingo, 17 de maio de 1998

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Alta das taxas nos EUA é improvável

da Reportagem Local

As opiniões são unânimes entre os especialistas ouvidos pela Folha: não há razão para o Federal Reserve mexer na taxa de juros básica dos EUA.
James Ferraz Alvim Netto, sócio-diretor da Safic, conta que, desde que a economia dos EUA começou a se fortalecer com inflação e desemprego baixos, há uma discussão, inclusive nos meios acadêmicos, sobre o caráter desse crescimento.
Há os que dizem que não passa de uma bolha e que, se o governo não tomar providências para conter seu crescimento, subindo os juros, a bolha vai explodir, gerando inflação. A alta na Bolsa de Valores de Nova York, segundo essa teoria, é irreal e especulativa.
A outra linha de pensamento, que por enquanto tem prevalecido, defende que o crescimento econômico dos EUA é sustentado e que os ganhos de produtividade obtidos com as melhorias tecnológicas impedem aumento da inflação. A própria inflação dos últimos anos, segundo essa teoria, estaria superestimada.
Para Alvim, todos os indicadores econômicos fortalecem a segunda tese. Essa também é a opinião de Carlos Fagundes, diretor da Associação dos Bancos Comerciais e Múltiplos.
"Não há sinais de que o aumento do consumo nos Estados Unidos esteja comprometendo a capacidade de oferta", diz ele.
Para Fagundes, também não há sinais de superaquecimento nos Estados Unidos nem de pressão de preços pelo lado da demanda.
O próprio mercado de títulos do Tesouro dos Estados Unidos de vencimento em 30 anos não tem antecipado uma alta dos juros na próxima reunião do Federal Reserve, o banco central nos EUA, no dia 19, afirma Fagundes.
Se o Federal Reserve mexer nas suas taxas básicas, as dos "Fed Funds", dos recursos que ele empresta para os bancos, os juros sobem em toda a economia norte-americana, atraindo para lá o capital que poderia estar no Brasil. E o Banco Central brasileiro teria de subir também seus juros para segurar os dólares aqui e atrair mais capitais externos.
Os juros dos títulos do Tesouro norte-americano, os chamados T-bonds, geralmente antecipam a tendência de alta ou baixa nos juros do Fed.



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