São Paulo, domingo, 17 de maio de 1998

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POLÍTICA MONETÁRIA
Banco Central deve reduzir taxa básica cerca de 1 ponto percentual no dia 20, prevêem especialistas
Bancos esperam juros abaixo de 22,5%

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
da Reportagem Local

O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, não deve alterar os juros na sua próxima reunião, no dia 19, deixando espaço para uma redução nas taxas brasileiras no dia 20.
É o cenário desenhado por banqueiros e especialistas ouvidos pela Folha, que prevêem, em sua maioria, queda nos juros básicos brasileiros de 23,25% ao ano para um patamar entre 22,50% e 22% ao ano. Há ainda os que esperam redução para 22,75% -uma minoria após a aprovação da reforma da Previdência.
"Não podemos esperar uma redução tão marcante quanto a última, quando os juros passaram de 28% ao ano para 23,25%. Mas ainda existe espaço para corte", diz o presidente da Federação Brasileira das Associações de Bancos, Roberto Setubal.
Os consumidores não têm razão para festejar. A queda prevista na taxa básica de juros, chamada TBC, de no máximo um ponto percentual, não vai chegar ao crediário, diz Setubal. "Com a inadimplência alta como está, a queda nos juros finais é difícil."
Os bancos e financeiras embutem nas taxas de juros cobradas no crediário as perdas com a inadimplência. Quem paga arca com as custos de quem atrasa.
Se o consumidor não sente o impacto de alterações menores na TBC, para o mercado financeiro e governo a mudança é importante. A TBC é o piso para os juros do dia-a-dia, nos negócios entre bancos e com títulos públicos.
"A queda dos juros é um mecanismo para animar os mercados e melhorar as expectativas econômicas", diz Carlos Fagundes, da Associação Brasileira dos Bancos Comerciais e Múltiplos.
A TBC é determinada pelo Banco Central na reunião do Copom, o Comitê de Política Monetária, que reúne diretores, chefes de departamento e o presidente do BC.
Desde a crise asiática, o BC já reduziu cinco vezes a TBC. Durante o pânico no mercado financeiro, os investidores tiraram dólares do país, com receio de uma desvalorização do real. Para estancar a fuga, o BC subiu os juros, em 30 de outubro, de 20,7% para 43,4%.
Hoje, discute-se até que patamar o governo pode baixar os juros sem provocar fuga de dólares. Para Setubal, nas "condições atuais de mercado e de risco Brasil", o piso está entre 21% e 21,5%.
"O governo gostaria de ter uma economia um pouco mais aquecida do que ela está hoje, mas deve optar por um corte gradual nos juros básicos e redução nos tributos sobre aplicações financeiras."



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