São Paulo, domingo, 17 de maio de 1998

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Ergonomia traz qualidade ao trabalho

SUZANA BARELLI
da Reportagem Local

Olhe para a sua cadeira no escritório. Ela tem altura regulável e inclinação flexível? E a mesa de trabalho: traz a adaptação correta para o teclado e iluminação adequada na tela do computador? Não se sinta sozinho se a maioria das respostas acima for negativa. Segundo especialistas, muitas empresas apresentam problemas quando o assunto é ergonomia (a ciência que estuda as necessidades do corpo em relação aos objetos). Mas se preocupe. Afinal, fazer exercícios com regularidade e ter alimentação saudável já não bastam para garantir a saúde perfeita do trabalhador. "A qualidade de vida também passa pela solução dos problemas criados pela tensão e pelo mobiliário inadequado no trabalho", diz Ricardo Serrano, consultor e técnico de ergonomia da Fundacentro. "É também uma forma de manter o ambiente de trabalho mais agradável", completa. O advogado Lincoln da Cunha Pereira decidiu, há 18 meses, aproveitar a mudança da sede para tornar seu escritório mais ergonômico. "Se capricho na decoração da casa, por que não investir um pouco no trabalho?", pergunta. Ele mudou tudo: as cores são em tons pastel, a maioria das divisórias é de vidro, a iluminação exigiu projeto próprio, e os móveis são pensados de acordo com as necessidades dos profissionais. "A consequência é que as pessoas estão ficando mais tempo no trabalho. Antes, eu trabalhava até as 19h; agora, fico tranquilamente até as 21h", afirma. O sucesso da nova decoração ergonômica foi testado até pelo irmão de Lincoln, o piloto André Ribeiro, que tem seu escritório de marketing no mesmo local, com a mesma decoração. Custos
Mas não são todos que aderiram à ergonomia. Fernando Maroniene, da Steelcase, especializada em mobiliário para escritório, diz que o conceito de ambiente de trabalho com maior qualidade de vida esbarra nos custos. "Para as empresas, ainda é difícil perceber o ganho de investir em postos de trabalho", afirma. A Avon, por exemplo, está gastando R$ 300 mil para se adaptar às exigências ergonômicas -há uma norma do Ministério do Trabalho que regulamenta a ergonomia nas empresas. Mas o próprio diretor de recursos humanos da Avon, Lírio Cipriani, confessa a dificuldade de se adaptar a um escritório ergonomicamente correto. "A cadeira antiga era mais confortável. Mas admito que minha dor nas costas melhorou com a mudança", diz o executivo. A ergonomia traz outra mudança no trabalho: a hierarquia. Maroniene diz que as cadeiras para funções mais repetitivas, como telemarketing, tendem a ter mais recursos e a custar mais do que as usadas pelos chefes.
SOBERBA


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