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'FASE DOIS'
Ministro diz que Copom levará em conta que inflação está abaixo da meta, o que foi visto como indicação de queda da Selic
Palocci sinaliza que juro pode cair amanhã
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião ontem de manhã
com Lula e a cúpula do governo, o
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda) sinalizou que o Copom
(Comitê de Política Monetária)
deverá baixar os juros amanhã. A
taxa atual é de 26,5% ao ano.
Segundo a Folha apurou, Palocci disse na reunião que o Copom,
órgão que fixa a taxa básica de juros da economia, levará em conta
que a previsão de inflação para os
próximos 12 meses medida pelo
IPCA é de 7,7% e, portanto, abaixo da meta de inflação do BC de
8,5% deste ano.
Detalhe importante: os presentes na reunião entenderam o comentário como sinal de que o Copom deverá baixar os juros. Palocci, porém, não falou explicitamente que haverá diminuição. Ele
tem sido cauteloso em relação a
esse assunto porque não deseja
passar a impressão de que o Copom se rende a pressões políticas.
À tarde, ao lançar a agenda para
o desenvolvimento, Palocci disse
acreditar que o momento em que
será possível haver corte dos juros
básicos da economia "está vindo". Sem mencionar o Copom, o
ministro disse que se referia a um
contexto mais amplo que os juros,
que o governo não pode olhar só a
questão da taxa básica, mas também para outros temas como crédito e política industrial.
Cautela
Duas semanas atrás, o próprio
Palocci tinha avaliação mais cautelosa ainda, segundo a Folha
apurou. Avaliava que seria mais
provável uma queda em julho do
que em junho, mas abria a porta
para uma eventual diminuição na
reunião desta semana do Copom,
a depender do IPCA de maio, divulgado na semana passada e que
ficou em 0,61%. O indicador é parâmetro para a meta de inflação.
De duas semanas para cá, aumentou a pressão política e empresarial pela queda dos juros. No
Planalto, diz-se que está na hora
de Palocci "atender o presidente".
Ou seja, dentro da margem de
manobra possível, reduzir a taxa
de juros atual sem minar Palocci.
O ministro da Fazenda tem ganho
as rusgas com seus opositores. Na
sexta, Lula pediu a ministros e líderes congressuais que defendam
Palocci na mídia e no Legislativo.
A avaliação do chamado "núcleo duro", formado por Lula e os
ministros e auxiliares petistas
mais próximos ao presidente, é
que a taxa básica de juros está
num patamar elevado e que uma
pequena queda não afugentaria
capitais de curto prazo e, de quebra, serviria como sinalização de
que o compromisso de longo prazo do governo é com o crescimento econômico.
Outro dado que levou o "núcleo
duro" a entender o comentário de
Palocci como sinal de queda das
taxas foi o relato do ministro da
Fazenda de que o próprio mercado já trabalhava com uma taxa de
juros anualizada menor que
26,5% -o mercado espera queda
de 0,5 ponto percentual amanhã,
segundo pesquisa do BC.
Manifesto
O abaixo-assinado de economistas ligados ao PT divulgado na
semana passada também foi
abordado na reunião, da qual participaram Lula, o líder do governo
no Senado, Aloizio Mercadante
(SP), e os ministros Palocci, José
Dirceu (Casa Civil) e Luiz Gushiken (Comunicação de Governo e
Gestão Estratégica).
Mercadante considerou o manifesto "absurdo", por pedir controle cambial. No entanto disse
que os juros deveriam começar a
cair, argumentando haver risco
de recessão.
Segundo Mercadante, alguns
setores da economia sofrem risco
de paralisia, caso não haja queda
dos juros, uma das reivindicações
do manifesto da semana passada.
A importância desse manifesto
foi minimizada na reunião. Na
avaliação dos presentes, o manifesto deveria ter sido lançado na
fase aguda da crise cambial, no último trimestre de 2002, e não agora, quando o próprio governo já
prepara medidas para atenuar o
rigor fiscal e monetário.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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