São Paulo, sábado, 17 de junho de 2006

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Situação financeira de funcionários é grave, diz sindicato

Representantes dos aeronautas afirmam que Varig não paga salário integral dos trabalhadores desde o mês de abril

Segundo sindicalistas, pilotos e comissários receberam somente até o limite de R$ 1.000 nos últimos dois meses


MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A situação financeira dos funcionários da Varig, que não receberam integralmente seus salários de abril e maio, vem se agravando nas últimas semanas, e alguns têm dificuldades até mesmo de se locomover até os aeroportos para trabalhar, segundo a presidente do SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas), Graziela Baggio.
"O que percebemos é que a situação financeira dos funcionários da Varig tem piorado muito. Muitos estão sem condições até para ir trabalhar. Recebemos e-mails diariamente reclamando sobre isso", afirmou.
Baggio afirmou que o SNA enviou uma carta ao presidente da companhia aérea, Marcelo Bottini, pedindo que a empresa priorizasse o pagamento de salários. O executivo, segundo ela, respondeu que seria realizado o pagamento de uma parte do devido aos trabalhadores.
Os salários de abril e maio foram pagos somente até o limite de R$ 800 para os aeroviários, que trabalham em terra, e R$ 1.000 aos aeronautas (pilotos e comissários), informação confirmada pela Varig. A última parcela foi depositada na última sexta-feira. "A Varig está pagando uma parte pequena dos salários e sempre com atraso. A empresa vem parcelando os salários há praticamente três anos", disse Baggio, ressaltando que a empresa aérea vem priorizando o pagamento dos salários mais baixos.
De acordo com ela, o sindicato está apurando denúncias de que a companhia não vem pagando as diárias de alimentação dos pilotos e comissários em vôos internacionais.
O passivo trabalhista total declarado pela Varig é de R$ 164 milhões. Segundo a sindicalista, somando-se a isso os salários atrasados e o pagamento do acertado em convenção coletiva em dezembro do ano passado, de 6%, que a companhia não reajustou, a dívida sobe para R$ 200 milhões. Se incluídas também as ações em curso na Justiça, o passivo total cobrado pelos funcionários chega a cerca de R$ 450 milhões.
Mesmo sem receber, os funcionários vêm demonstrando forte apoio à Varig. No dia do leilão de parte das operações da companhia, realizado na semana passada, o hangar da empresa, ao lado do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, ficou repleto de trabalhadores que foram torcer pela aérea.
Há casos de pilotos que preferem recusar propostas de trabalho em outras companhias, como TAM ou Gol, por apostar na recuperação da Varig.
Segundo os últimos dados divulgados pela empresa, a Varig possui cerca de 9.000 funcionários. No início do ano, ela organizou um programa de incentivo a aposentadoria e também um PDV (Programa de Demissão Voluntária) para tentar diminuir seu quadro.


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