São Paulo, domingo, 17 de junho de 2007

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Recuperação da demanda interna pode mudar tendência da indústria

Instituto vê "apenas início" de processo de "dessofisticação" da produção

DA REPORTAGEM LOCAL

O coordenador da área de indústria do IBGE, Sílvio Sales, afirma que a tendência de diminuição da participação de setores mais sofisticados na indústria pode sofrer alterações com o aumento da relevância do mercado interno sobre o crescimento do PIB.
"Agora é que o mercado interno está ganhando corpo e começando a mostrar a que veio. Podemos ter novas tendências", afirma.
O PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre de 2007 mostrou que a elevação do consumo interno, que subiu 6% no período, foi o carro-chefe do crescimento.
Ao mesmo tempo, houve aumento nos investimentos em máquinas e equipamentos, de 7,2%. O dado mostra que as empresas estão investindo mais para acompanhar a demanda e acreditando na continuidade da recuperação.
Mas um dos ramos com grande potencial de crescimento, o de alimentos e bebidas, por exemplo, encaixa-se na qualificação de "baixa" intensidade tecnológica.
Nos últimos anos, alimentos e bebidas mantêm participação estável dentro do total da indústria (entre 16% e 17%), mas há perspectivas de aumento nos próximos anos.

Investimentos
Segundo Denis Ribeiro, economista da Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação), a produção física do setor nos últimos 12 meses (até abril) cresceu 4,7% -acima dos 3,2% acumulados pela indústria em geral no período.
"Com mais renda e crédito, a tendência é a de aumento na produção", afirma Ribeiro.
Em 2006, as empresas de alimentos e bebidas (setores que mais empregam na indústria) investiram cerca de US$ 4,5 bilhões em modernização e ampliação da produção.

"Início de processo"
Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), argumenta, no entanto, que boa parte do aumento da demanda interna continuará sendo atendida pelas importações -o que tende a seguir afetando a indústria mais sofisticada.
"Estamos olhando apenas para o início de um processo. Até recentemente, a valorização do real não era encarada como muito permanente. Agora, há convicção de que veio para ficar por um bom tempo, o que deve mudar ainda mais a estrutura da produção. Isso vai aprofundar as perdas nos setores mais sofisticados", diz. (FCZ)


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