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RECALL DA PRIVATIZAÇÃO
Ciro Gomes (Integração Nacional) anuncia iniciativa
Governo vai se associar a ferrovias
MURILO FIUZA DE MELO
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, anunciou que o
governo voltará a ser sócio de ferrovias privatizadas ou concedidas
à iniciativa privada. Os recursos
virão dos fundos constitucionais
de desenvolvimento regional.
A primeira a receber apoio será
a Ferronorte, que opera em Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul.
Créditos da antiga Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia), de R$ 66 milhões, serão convertidos em participação na companhia. Não há
ainda um prazo definido para a liberação do dinheiro.
Segundo a Ferronorte, o governo terá 16,7% da ferrovia, cujo capital total é de R$ 395 milhões. O
controle da Ferronorte é compartilhado entre os fundos de pensão
Previ (Banco do Brasil) e Funcef
(Caixa Econômica Federal), o
banco americano JP Morgan e o
empresário Olacyr de Moraes.
Os fundos constitucionais do
Norte, Nordeste e Centro-Oeste
têm como fonte de recursos 3%
da arrecadação do IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados)
e do IR (Imposto de Renda). Neste ano, o orçamento é de R$ 5,7 bilhões e será a principal fonte de financiamento para a recriação da
Sudam e da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do
Nordeste), extintas em 2001.
Segundo o ministro, o modelo
de uso dos fundos para capitalizar
empresas -mesmo que ex-estatais- e novos projetos será adotado em toda a área de infra-estrutura, valendo também para
usinas de geração de energia e rodovias. A regra prevê que as participações sejam minoritárias. Só
em 2003 os fundos financiaram
R$ 3,7 milhões em obras do setor.
Um outro projeto ferroviário a
ser beneficiado é o da ferrovia
Transnordestina, que ligará os
principais portos da região -de
Suape, em Pernambuco, a Pecem,
no Ceará. Para Ciro Gomes, é papel do Estado investir em infra-estrutura. Só a atuação privada, disse, não resolve o gargalo do setor.
Segundo ele, "o melhor do processo [de privatização] foi concedido [à iniciativa privada] e o pior
está aí inviabilizado".
"O governo vem com o BNDES,
com os fundos constitucionais,
com o que puder, porque acabou
o preconceito no governo Lula,
mas o empresariado precisa parar
de querer o mole. Tem que ajudar
a gente a fazer o osso também",
afirmou, em referência ao fato de
terem sido leiloadas apenas as
empresas consideradas o "filé" e
as deficitárias estarem ainda sob o
guarda-chuva do estatal.
O BNDES já aprovou financiamentos para as ex-estatais do setor ferroviário no valor de R$ 860
milhões até o ano passado. Mas as
empresas só cumpriram 25% das
metas de qualidade até 2002.
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