São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 2006

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Sadia oferece R$ 3,723 bi pela Perdigão

Compra ainda depende da concordância dos acionistas; nova companhia seria a quarta maior exportadora do Brasil

Fundos de pensão detêm 47% do capital da Perdigão e serão cruciais para o sucesso da operação; prazo para decisão será 24 de outubro

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Maior empresa brasileira do setor de alimentos, a Sadia lançou uma oferta de compra de sua principal concorrente, a Perdigão, que pode chegar a R$ 3,723 bilhões. Se concretizada, a operação resultará em uma companhia que terá cerca de 25% do mercado brasileiro de frangos e suínos e será a quarta maior exportadora do país.
A Sadia classificou sua proposta de "oferta pública voluntária" de compra de ações da Perdigão. O sucesso depende da concordância dos detentores de pelo menos 50% mais uma das ações da empresa.
Para seduzi-los, a Sadia está disposta a pagar R$ 27,88 por ação, valor equivalente à cotação média das ações da Perdigão nos 30 dias anteriores à data de apresentação da oferta, mais um prêmio de 35%.
Os principais acionistas da Perdigão são fundos de pensão, que detêm 47% do capital da empresa. Nenhum, individualmente, tem peso para vetar ou dar sinal verde à operação. A Previ, do Banco do Brasil, possui a maior participação, com 15,31% das ações ordinárias -que dão direito à voto e, por isso, definem o controle da companhia. A Previ também possui 9% do capital da Sadia.
Os 53% restantes estão diluídos entre pequenos acionistas.

Decisão
Walter Fontana Filho, presidente do Conselho de Administração da Sadia, disse à Folha que o assunto foi discutido nos últimos dois meses. A decisão final de apresentar a oferta foi aprovada na sexta-feira.
Segundo ele, o principal objetivo da operação é criar uma empresa capaz de competir globalmente e de resistir ao processo de desnacionalização do setor. "Juntos, nós podemos deixar de ser caça e nos tornarmos caçadores", disse Fontana.
Em 2004, a Seara -terceira empresa do setor, depois de Sadia e Perdigão- foi comprada pela norte-americana Cargill. Seis anos antes, a francesa Doux havia adquirido a quarta do ranking, a Frangosul.
"Para competirmos no mercado internacional nós precisamos ser fortes e ter uma empresa de grande porte", ressalta Fontana. Em sua avaliação, a nova companhia seria a terceira maior exportadora de proteína animal do mundo. Ainda assim, teria um tamanho equivalente a apenas 10% da Cargill, uma das gigantes mundiais no ramo de alimentos.
Os acionistas da Perdigão terão prazo até 24 de outubro para decidir se aceitam ou não a oferta da Sadia. A proposta está condicionada à sua aceitação por detentores de pelo menos 50% mais uma das ações.
Mas o objetivo da Sadia, diz Fontana, é adquirir 100% das ações, o que levaria o valor da operação a R$ 3,723 bilhões.
Isso tornaria o negócio um dos maiores do mercado brasileiro dos últimos anos fora do setor financeiro. A venda de ações do Pão de Açúcar para o francês Casino, realizada em maio de 2005, por exemplo, somou R$ 2,1 bilhões e foi a maior operação já realizada entre empresas de varejo no país.
Além da concordância dos acionistas, a compra da Perdigão precisa da aprovação dos órgãos de defesa da concorrência. Fontana admite que haverá concentração de mercado em alguns segmentos, como presunto, no qual a nova empresa teria participação de 60%, e pratos prontos e pizzas congeladas, nos quais a presença pode atingir 70%.
Nesses casos, a empresa pode ser obrigada a vender determinadas marcas ou produtos para viabilizar a compra da concorrente.


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