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Sadia oferece R$ 3,723 bi pela Perdigão
Compra ainda depende da concordância dos acionistas; nova companhia seria a quarta maior exportadora do Brasil
Fundos de pensão detêm 47% do capital da Perdigão e serão cruciais para o sucesso da operação; prazo para decisão será 24 de outubro
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Maior empresa brasileira do
setor de alimentos, a Sadia lançou uma oferta de compra de
sua principal concorrente, a
Perdigão, que pode chegar a R$
3,723 bilhões. Se concretizada,
a operação resultará em uma
companhia que terá cerca de
25% do mercado brasileiro de
frangos e suínos e será a quarta
maior exportadora do país.
A Sadia classificou sua proposta de "oferta pública voluntária" de compra de ações da
Perdigão. O sucesso depende
da concordância dos detentores de pelo menos 50% mais
uma das ações da empresa.
Para seduzi-los, a Sadia está
disposta a pagar R$ 27,88 por
ação, valor equivalente à cotação média das ações da Perdigão nos 30 dias anteriores à data de apresentação da oferta,
mais um prêmio de 35%.
Os principais acionistas da
Perdigão são fundos de pensão,
que detêm 47% do capital da
empresa. Nenhum, individualmente, tem peso para vetar ou
dar sinal verde à operação. A
Previ, do Banco do Brasil, possui a maior participação, com
15,31% das ações ordinárias
-que dão direito à voto e, por
isso, definem o controle da
companhia. A Previ também
possui 9% do capital da Sadia.
Os 53% restantes estão diluídos entre pequenos acionistas.
Decisão
Walter Fontana Filho, presidente do Conselho de Administração da Sadia, disse à Folha
que o assunto foi discutido nos
últimos dois meses. A decisão
final de apresentar a oferta foi
aprovada na sexta-feira.
Segundo ele, o principal objetivo da operação é criar uma
empresa capaz de competir
globalmente e de resistir ao
processo de desnacionalização
do setor. "Juntos, nós podemos
deixar de ser caça e nos tornarmos caçadores", disse Fontana.
Em 2004, a Seara -terceira
empresa do setor, depois de Sadia e Perdigão- foi comprada
pela norte-americana Cargill.
Seis anos antes, a francesa
Doux havia adquirido a quarta
do ranking, a Frangosul.
"Para competirmos no mercado internacional nós precisamos ser fortes e ter uma empresa de grande porte", ressalta
Fontana. Em sua avaliação, a
nova companhia seria a terceira maior exportadora de proteína animal do mundo. Ainda
assim, teria um tamanho equivalente a apenas 10% da Cargill, uma das gigantes mundiais
no ramo de alimentos.
Os acionistas da Perdigão terão prazo até 24 de outubro para decidir se aceitam ou não a
oferta da Sadia. A proposta está
condicionada à sua aceitação
por detentores de pelo menos
50% mais uma das ações.
Mas o objetivo da Sadia, diz
Fontana, é adquirir 100% das
ações, o que levaria o valor da
operação a R$ 3,723 bilhões.
Isso tornaria o negócio um
dos maiores do mercado brasileiro dos últimos anos fora do
setor financeiro. A venda de
ações do Pão de Açúcar para o
francês Casino, realizada em
maio de 2005, por exemplo, somou R$ 2,1 bilhões e foi a maior
operação já realizada entre empresas de varejo no país.
Além da concordância dos
acionistas, a compra da Perdigão precisa da aprovação dos
órgãos de defesa da concorrência. Fontana admite que haverá
concentração de mercado em
alguns segmentos, como presunto, no qual a nova empresa
teria participação de 60%, e
pratos prontos e pizzas congeladas, nos quais a presença pode atingir 70%.
Nesses casos, a empresa pode ser obrigada a vender determinadas marcas ou produtos
para viabilizar a compra da
concorrente.
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