São Paulo, segunda-feira, 17 de julho de 2006 |
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Futuro da Varig deve ser decidido em assembléia hoje Operações da aérea vão a leilão se os credores acatarem a oferta; caso contrário, a Justiça pode optar pela falência Mudanças no plano de recuperação precisam ser aprovadas; Varig oferece aluguéis e créditos a receber para convencer credores
JANAINA LAGE DA SUCURSAL DO RIO A assembléia de credores da Varig marcada para hoje vai definir o futuro da aérea. Os credores trabalhistas, de empresas estatais, do fundo de pensão dos funcionários e de empresas de leasing vão decidir se aceitam a proposta da VarigLog e as mudanças que ela acarretará no plano de recuperação da companhia. A crise da Varig se agravou nos últimos meses. O número de aviões caiu de 58 em dezembro do ano passado para 13 em julho. A receita de vôo líquida recuou 83,3% no período. Se a oferta for aceita, as operações da empresa vão a leilão na quarta-feira com lance mínimo de US$ 24 milhões (R$ 52,8 milhões). O comprador pode adquirir as concessões, as aeronaves e o programa "Smiles". Se a proposta for recusada, há espaço para a decretação de falência. A Deloitte, administradora judicial da Varig, mencionou em seu último relatório de acompanhamento que a empresa não conseguiria manter as operações até agosto se não fosse vendida. As operações da Varig têm sido mantidas à custa de uma linha de crédito oferecida pela VarigLog no valor de US$ 20 milhões (R$ 44 milhões). Deste total, a Varig já havia recebido US$ 13 milhões (R$ 28,6 milhões) até a última quinta-feira. Segundo o relato de credores, a Varig "rasgou seu plano de recuperação". Antes, os créditos seriam convertidos em participação em um fundo controlador. O novo formato prevê a emissão de debêntures: uma para os trabalhadores e outra para os credores com garantias contratuais e para 50% das dívidas contraídas após o início do plano de recuperação, em junho do ano passado. A "velha Varig", fatia da empresa que não será vendida e que carrega as dívidas de R$ 7,9 bilhões, terá um fluxo de caixa anual de R$ 19,6 milhões, com receitas provenientes de serviços do Centro de Treinamento de Tripulantes, contratos de locação de aeronave acompanhada de tripulação, aluguel de imóveis, vôos charter e operação regular da Nordeste. Para convencer os credores das mudanças no plano de recuperação, a Varig ofereceu os recursos de ações contra a União por defasagem tarifária e contra os Estados referentes a ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). O Aerus tem prioridade no caso da ação contra a União e o Banco do Brasil na questão do ICMS. Além disso, 70% do fluxo operacional da "velha Varig" foi oferecido às demais estatais e empresas de leasing. Segundo o presidente da Varig, Marcelo Bottini, a expectativa é a de que o plano seja aprovado, mas novas alterações foram feitas até a noite de ontem. Credores ouvidos pela Folha afirmaram que a tendência é de aprovação porque ninguém quer ser responsável pela falência da empresa. A presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, destacou que os trabalhadores estão preocupados com a perspectiva de demissões. "Haverá um contingente muito grande de trabalhadores sem emprego, sem rescisão e sem FGTS depositado nos últimos quatro anos. Isso vai atingir outras empresas do grupo, como a Sata", disse. Os sindicatos pretendem incluir num acordo coletivo a obrigação de que as contratações da nova Varig priorizem os funcionários da empresa. Após o leilão, a Varig precisará demitir cerca de 8.000 pessoas, mas ainda não se sabe de onde virão os recursos. Os sindicatos reconquistaram o direito na Justiça do Trabalho de representar os aeronautas e aeroviários em assembléia. VARIG TAXIANDO
O que os credores definirão?
E se a proposta for rejeitada?
Como a Varig seria dividida? |
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