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Economistas pedem aperto maior
DA REPORTAGEM LOCAL
A manutenção do crescimento
brasileiro vai demandar uma receita amarga, porém já conhecida: corte de gastos, aumento do
superávit primário, atenção às
metas de inflação e redução da relação entre a dívida líquida e o PIB
(Produto Interno Bruto).
Sem esses instrumentos, o Brasil corre o risco de ver o princípio
do seu ciclo de expansão econômica interrompido.
"A política fiscal do governo Lula tem ido bem e o atual crescimento também a tem ajudado,
mas, daqui para a frente, o Brasil
tem que ter uma política fiscal
mais sólida", afirmou Leonardo
Leiderman, ex-diretor-gerente do
Departamento de Pesquisas do
Banco de Israel. Leiderman foi
um dos economistas que participaram de seminário sobre política fiscal organizado pelo Ibmec,
ontem, em São Paulo.
Apesar dos elogios, o israelense
fez um alerta. "Há ainda muitas
vulnerabilidades. Temos a possibilidade de aumento da taxa de
juros do Fed [banco central dos
EUA] e de desaceleração da economia global, principalmente no
Japão e na União Européia."
Segundo ele, as eleições presidenciais no México, em 2006,
também podem ser um foco de
tensão política que pode "contaminar" a percepção do mercado
sobre a América Latina.
O coro de defesa da política fiscal foi engrossado por Márcio
Garcia, professor de economia da
PUC-Rio. Em sua apresentação, o
acadêmico afirmou que há uma
probabilidade elevada de que a relação dívida/PIB ultrapasse patamares como 75%, por exemplo.
As sugestões de política econômica propostas por Garcia passam por corte de gastos governamentais e preocupação com a formação de "novos esqueletos". No
jargão econômico, esqueleto significa dívidas ainda não conhecidas ou aceitas e que também podem advir de sentenças judiciais.
Sem fórmula mágica
Para Affonso Pastore, da A.C.
Pastore e Associados, o aumento
da meta anual de superávit primário -hoje acordada em 4,25%
do PIB com o FMI (Fundo Monetário Internacional)- é um caminho de médio e longo prazo para
reduzir a relação dívida/PIB, considerada um dos fardos da economia brasileira.
Mas, para Pastore, não há um
instrumento de políticas fiscal,
monetária ou cambial de curto
prazo que assegure um crescimento sustentável. "Há quem defenda um câmbio de R$ 4 para aumentar as exportações e gerar
mais crescimento. É imediatismo.
Isso não vai gerar um crescimento
sustentável e ainda pode ter um
efeito contracionista nos passivos
dolarizados das empresas brasileiras", disse o economista.
(CÍNTIA CARDOSO)
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