São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 2002

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EM TRANSE

Moeda é vendida a R$ 3,217 devido a rumor de pesquisa que apontaria chance de vitória de Lula no 1º turno

Dólar sobe com nova especulação eleitoral

ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar iniciou a semana em alta de 1,80%, vendido a R$ 3,217. A moeda norte-americana atingiu ontem seu maior valor em um mês e meio.
O risco-país brasileiro, calculado pelo banco JP Morgan, fechou em 1.782 pontos, com alta de 3,7%.
A especulação eleitoral voltou a dar o tom às negociações. Na semana passada, o assunto havia sido colocado de lado, diante dos temores mundiais devido à celebração de um ano dos atentados nos Estados Unidos.
A preocupação ficou centralizada no cenário externo, uma vez que havia o temor de novos ataques terroristas.
Mas ontem teria vazado ao mercado o resultado de pesquisa de intenção de voto realizada pelo Ibope, cuja divulgação está prevista para hoje.
A sondagem apontaria novo crescimento do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, na preferência dos eleitores.
Lula teria subido para uma porcentagem entre 41% e 44%, dependendo da versão apresentada pelos operadores. Dessa forma, o candidato de oposição venceria a corrida presidencial já no primeiro turno, em 6 de outubro.
O candidato do governo, José Serra (PSDB), teria se estabilizado em torno dos 19%, em segundo lugar. Ciro Gomes (PPS) teria caído para a quarta colocação, com Anthony Garotinho (PSB) assumindo a terceira.
O mercado é avesso a mudanças e sempre tende a apoiar o candidato do atual governo, em um ano eleitoral. O fato de um nome da oposição, que representa, na avaliação do mercado, mudanças na atual política econômica, ter chances de vencer a disputa, sem a necessidade de haver um segundo turno, foi utilizado como uma desculpa para a especulação com a moeda dos Estados Unidos.

Especulação
Segundo Helio Osaki, analista da Finambras, ainda é cedo para dar como certa a vitória de Lula. "Até este momento, Lula não esteve presente, de fato, na campanha. A disputa estava polarizada entre Ciro e Serra, pelo segundo lugar."
Osaki afirma que se as pesquisas confirmarem o isolamento de Serra na segunda colocação, haverá um maior confronto entre Lula e Serra. Ele avalia também que com a proximidade das eleições, movimentos bruscos de mercado, atrelados à divulgação de pesquisas, são normais e passageiros.
Durante evento em São Paulo, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo, disse acreditar que a taxa de câmbio tende a se estabilizar após a definição do cenário eleitoral. "Poderá ser até depois do primeiro turno, independentemente de qual será o novo presidente."
Outro fator que continua a preocupar os analistas é a iminência de um conflito entre os Estados Unidos e o Iraque.
"Diante das últimas declarações de George W. Bush [presidente dos Estados Unidos", o ataque é uma questão de tempo", avalia Wilson Ramião, do Lloyds TSB.
O Banco Central vendeu dólares no mercado à vista, provavelmente no final do dia.
Na máxima de alta do dia, a moeda atingiu valorização de 2%, cotada a R$ 3,223. A alta da moeda norte-americana cedeu um pouco na reta final do pregão.


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