São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 2002

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ENERGIA

Problemas técnicos também ajudam a adiar abertura do mercado

Liminar pára 1º leilão de geradoras

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma liminar concedida no início da tarde de ontem e problemas técnicos no site do MAE (Mercado Atacadista de Energia) tumultuaram o primeiro leilão de energia das geradoras federais, promovido pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Às 17h o leilão foi suspenso por tempo indeterminado.
Segundo Lindolfo Paixão, superintendente do MAE, a suspensão foi determinada "em razão de sucessivos e intermitentes problemas de conectividade do sistema do Banco do Brasil, responsável pela operação do sistema".
A operação estava sob o fogo cerrado de 50 ações judiciais impetradas pelo Fórum de Defesa dos Consumidores de Energia, que alega que o novo processo de venda de energia elétrica das geradoras às distribuidoras vai pesar no bolso do consumidor.
O leilão suspenso ontem marcaria a abertura do mercado de energia elétrica. A partir de 1º de janeiro do ano que vem 25% dos contratos iniciais de fornecimento de energia, firmados na privatização, serão encerrados e substituídos por leilões até a liberação total, em 2006.
Especialistas dizem que alguns nós na legislação e no sistema elétrico podem fazer do livre mercado uma arma contra o consumidor. "Esse modelo criou a figura do comercializador de energia, ou seja, introduziu um intermediário no sistema, que buscará ganhos no repasse do insumo para as distribuidoras", diz Ildo Sauer, coordenador do Fórum de Defesa do Consumidor de Energia.
Segundo ele, as distribuidoras também atuarão como intermediárias, pois podem revender a energia comprada das geradoras nos leilões. "As empresas comprarão em leilão por um preço baixo, definido pelos seus lances, e revenderão por quanto quiserem, dependendo da situação de escassez do mercado", diz Sauer. "Elas poderão até gerar escassez e manipular o mercado."
Os preços mínimos da energia ofertada no leilão de ontem surpreenderam os analistas do setor. "Estão muito baixos", diz Oswaldo Telles Filho, analista do banco BBV. Os preços de partida estão entre R$ 41 e R$ 70 o MWh. O mercado esperava preços em torno de R$ 70 o MWh.


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