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Órgão da ONU alerta
contra táticas da AL
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A estratégia de abertura econômica de muitos países da América
Latina, promovendo atração de
capital estrangeiro de curto prazo
ao baixar barreiras comerciais e
aumentar juros, não é suficiente
para garantir o desenvolvimento
sustentável da economia e poderá
afetar o crescimento das nações
dessa região.
O alerta está no relatório anual
sobre comércio e desenvolvimento que a Unctad (Conferência das
Nações Unidas sobre Comércio e
Desenvolvimento) divulgou ontem, em Brasília.
Neste ano, o foco do documento
foi a coerência das políticas econômicas, estratégia de desenvolvimento e a integração em uma
política mundial.
A análise da América Latina sugere que as políticas "aberturistas" precisam ser acompanhadas
de uma meta competitiva de política cambial e do controle do movimento do capital de curto prazo. Caso contrário, estariam ainda
mais vulneráveis a novas crises se
ocorrerem mudanças econômicas na Ásia e nos Estados Unidos.
A dinâmica entre os países asiáticos, em especial a China, com os
EUA foi ressaltada no estudo,
mostrando que o déficit fiscal
americano tem se sustentado pela
compra crescente de títulos do
país pelos chineses.
"Um ajuste [no quadro EUA-China] pode afetar em cheio a
América Latina", diz Renato Baumann, diretor da Cepal (Comissão Econômica para a América
Latina e Caribe).
Futuro nebuloso
Segundo o documento, houve
um crescimento econômico substancial na economia mundial nos
anos de 2003 e 2004, mas a possibilidade de uma recuperação sustentável é "nebulosa" e mais incerta do que no início dos anos 90.
Estados Unidos e Ásia têm sido
os responsáveis pelo crescimento,
que é desigual até mesmo entre
países desenvolvidos. Segundo o
relatório, a posição excessivamente conservadora da União
Européia foi responsável por um
crescimento baixo, em torno de
2% -o leste asiático registrou índices em torno de 7%. A única exceção é o Reino Unido, que foi
elogiado por uma política expansiva, com crescimento maior, ganho de renda e queda nos índices
de desemprego.
A Unctad ressaltou a nova geografia do comércio manufatureiro, que tem se transferido para o
sudeste asiático e a Europa Central, com perdas para o México e
Caribe. "Para a América do Sul, a
China é uma oportunidade. Para
a América Central, uma ameaça",
diz Baumann.
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