São Paulo, sexta-feira, 17 de setembro de 2004

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Órgão da ONU alerta contra táticas da AL

ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A estratégia de abertura econômica de muitos países da América Latina, promovendo atração de capital estrangeiro de curto prazo ao baixar barreiras comerciais e aumentar juros, não é suficiente para garantir o desenvolvimento sustentável da economia e poderá afetar o crescimento das nações dessa região.
O alerta está no relatório anual sobre comércio e desenvolvimento que a Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento) divulgou ontem, em Brasília.
Neste ano, o foco do documento foi a coerência das políticas econômicas, estratégia de desenvolvimento e a integração em uma política mundial.
A análise da América Latina sugere que as políticas "aberturistas" precisam ser acompanhadas de uma meta competitiva de política cambial e do controle do movimento do capital de curto prazo. Caso contrário, estariam ainda mais vulneráveis a novas crises se ocorrerem mudanças econômicas na Ásia e nos Estados Unidos.
A dinâmica entre os países asiáticos, em especial a China, com os EUA foi ressaltada no estudo, mostrando que o déficit fiscal americano tem se sustentado pela compra crescente de títulos do país pelos chineses.
"Um ajuste [no quadro EUA-China] pode afetar em cheio a América Latina", diz Renato Baumann, diretor da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe).

Futuro nebuloso
Segundo o documento, houve um crescimento econômico substancial na economia mundial nos anos de 2003 e 2004, mas a possibilidade de uma recuperação sustentável é "nebulosa" e mais incerta do que no início dos anos 90.
Estados Unidos e Ásia têm sido os responsáveis pelo crescimento, que é desigual até mesmo entre países desenvolvidos. Segundo o relatório, a posição excessivamente conservadora da União Européia foi responsável por um crescimento baixo, em torno de 2% -o leste asiático registrou índices em torno de 7%. A única exceção é o Reino Unido, que foi elogiado por uma política expansiva, com crescimento maior, ganho de renda e queda nos índices de desemprego.
A Unctad ressaltou a nova geografia do comércio manufatureiro, que tem se transferido para o sudeste asiático e a Europa Central, com perdas para o México e Caribe. "Para a América do Sul, a China é uma oportunidade. Para a América Central, uma ameaça", diz Baumann.


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