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Após recuar 4,45%, Bolsa fecha em alta
Expectativa de que seguradora AIG viesse a receber ajuda anima mercados no final do pregão, e Bovespa avança 1,68%
Saída de investidores
estrangeiros desde junho
está acumulada em R$ 18 bi;
dólar sobe 0,88% e encerra
dia cotado a R$ 1,824
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em um pregão marcado por
constante sobe-e-desce, a Bovespa conseguiu encerrar em
terreno positivo, com valorização de 1,68%. O começo do pregão voltou a assustar os investidores, com a Bolsa de Valores
de São Paulo chegando a marcar perdas de 4,45% em seu
momento mais crítico.
O dólar encerrou as operações vendido a R$ 1,824, com
apreciação de 0,88%.
A recuperação do mercado
acionário americano no fim da
tarde ajudou a Bovespa a sair
do vermelho. Passada a reunião
do Fed (o banco central dos
EUA), na qual os juros do país
foram mantidos em 2%, o mercado se animou, amparado na
expectativa de que a seguradora AIG receberá ajuda oficial
para não ter o mesmo destino
que o Lehman Brothers.
O índice Dow Jones, que
agrupa as 30 ações norte-americanas de maior liquidez, fechou com alta de 1,30%. A Bolsa
eletrônica Nasdaq subiu 1,28%.
A Europa não teve tempo para
se recuperar. Em Londres, a
Bolsa de Valores caiu 3,43%.
"A alta de hoje [ontem] não
representa uma mudança de
cenário. O mercado financeiro
deu uma melhorada no fim do
dia, mas nada mudou. A crise
ainda pode se agravar", afirma
Patrícia Branco, sócia-gestora
da Global Equity.
A valorização da Bolsa ontem
foi pequena diante das perdas
expressivas que registra neste
mês. Mesmo com os ganhos, a
queda do Ibovespa em setembro está em 11,59%; no ano, a
baixa acumulada é de 22,94%.
No pior momento de ontem,
a Bolsa paulista marcou 46.260
pontos, indo a seu menor nível
em cerca de 17 meses.
Na segunda-feira, a Bovespa
teve seu pior dia desde o pregão
de 11 de setembro de 2001 e terminou com perdas de 7,59%.
O risco-país brasileiro não
teve tempo de se recuperar ontem, chegando ao fim do dia a
350 pontos, em alta de 12%.
Os muito depreciados papéis
da Petrobras acabaram por subir ontem, mesmo com o petróleo em queda. O rumo do petróleo tem forte influência sobre
as ações da estatal. O barril do
produto caiu 4,76% em Nova
York, vendido a US$ 91,15.
Recuperação
Entre as maiores altas do dia,
as ações da Petrobras subiram
5,74% (ordinárias) e 5,03%
(preferenciais). De qualquer
forma, no ano as perdas ainda
são muito elevadas. A ação ordinária, que forma as carteiras
dos fundos FGTS/Petrobras,
acumula depreciação de
26,30% em 2008.
O recuo do petróleo foi bem
recebido pelas ações de companhias aéreas, por significar menor pressão nos custos dos
combustíveis. O papel preferencial da Gol disparou 9,33%,
e TAM PN terminou o pregão
com elevação de 6,07%.
Para a Bolsa voltar a se recuperar de fato, é fundamental o
retorno do capital externo, o
que parece muito pouco provável nesse momento.
"O aprofundamento da crise
nos principais centros financeiros faz os investidores embolsarem lucros por aqui para
cobrir perdas que ocorrem lá
fora. Além disso, o atual cenário
tem criado a necessidade de os
gestores diminuírem os riscos
de suas carteiras, o que significa encolher posições em mercados como o brasileiro", diz
William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em
Finanças da FGV.
Responsáveis por 35% das
operações na Bovespa, os investidores estrangeiros são a
categoria de maior peso do
mercado local. Desde junho, o
saldo das operações feitas com
capital externo está negativo
em mais de R$ 18 bilhões. Neste
mês, até o dia 11, R$ 910 milhões deixaram as ações locais.
Baixas e altas
Com a elevada queda de segunda, muitas ações desceram
a preços bastante baixos. Dessa
forma, qualquer sinal favorável
do exterior poderia atrair compradores. A arrancada vivida na
última hora de pregão fez com
que o giro financeiro alcançasse R$ 6,46 bilhões ontem na
Bolsa -volume 27% maior que
a média diária do mês.
Segundo operadores do mercado, gestores de fundos de investimento aproveitaram o sinal de melhora para adquirirem papéis depreciados, na
tentativa de melhorarem o retorno de suas carteiras.
Os papéis de siderúrgicas e
mineradoras, que têm sofrido
bastante nas últimas semanas
com a depreciação das commodities no mercado internacional, conseguiram se recuperar
no pregão de ontem.
A ação ordinária da Companhia Siderúrgica Nacional encerrou com valorização de
4,40%, seguida do papel preferencial "A" da Vale (3,74%) e de
Gerdau PN 3,15%.
Já o setor bancário não conseguiu se beneficiar muito da
melhora do humor. Fora o papel ordinário do Banco do Brasil, que subiu 6,69%, as ações
das outras grandes instituições
financeiras tiveram desempenhos menos expressivos. A
ação do Unibanco subiu 1,96%,
seguida de Itaú PN (1,59%) e
Bradesco PN (0,03%).
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