São Paulo, quarta-feira, 17 de setembro de 2008

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Após recuar 4,45%, Bolsa fecha em alta

Expectativa de que seguradora AIG viesse a receber ajuda anima mercados no final do pregão, e Bovespa avança 1,68%

Saída de investidores estrangeiros desde junho está acumulada em R$ 18 bi; dólar sobe 0,88% e encerra dia cotado a R$ 1,824

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um pregão marcado por constante sobe-e-desce, a Bovespa conseguiu encerrar em terreno positivo, com valorização de 1,68%. O começo do pregão voltou a assustar os investidores, com a Bolsa de Valores de São Paulo chegando a marcar perdas de 4,45% em seu momento mais crítico.
O dólar encerrou as operações vendido a R$ 1,824, com apreciação de 0,88%.
A recuperação do mercado acionário americano no fim da tarde ajudou a Bovespa a sair do vermelho. Passada a reunião do Fed (o banco central dos EUA), na qual os juros do país foram mantidos em 2%, o mercado se animou, amparado na expectativa de que a seguradora AIG receberá ajuda oficial para não ter o mesmo destino que o Lehman Brothers.
O índice Dow Jones, que agrupa as 30 ações norte-americanas de maior liquidez, fechou com alta de 1,30%. A Bolsa eletrônica Nasdaq subiu 1,28%. A Europa não teve tempo para se recuperar. Em Londres, a Bolsa de Valores caiu 3,43%.
"A alta de hoje [ontem] não representa uma mudança de cenário. O mercado financeiro deu uma melhorada no fim do dia, mas nada mudou. A crise ainda pode se agravar", afirma Patrícia Branco, sócia-gestora da Global Equity.
A valorização da Bolsa ontem foi pequena diante das perdas expressivas que registra neste mês. Mesmo com os ganhos, a queda do Ibovespa em setembro está em 11,59%; no ano, a baixa acumulada é de 22,94%.
No pior momento de ontem, a Bolsa paulista marcou 46.260 pontos, indo a seu menor nível em cerca de 17 meses.
Na segunda-feira, a Bovespa teve seu pior dia desde o pregão de 11 de setembro de 2001 e terminou com perdas de 7,59%.
O risco-país brasileiro não teve tempo de se recuperar ontem, chegando ao fim do dia a 350 pontos, em alta de 12%.
Os muito depreciados papéis da Petrobras acabaram por subir ontem, mesmo com o petróleo em queda. O rumo do petróleo tem forte influência sobre as ações da estatal. O barril do produto caiu 4,76% em Nova York, vendido a US$ 91,15.

Recuperação
Entre as maiores altas do dia, as ações da Petrobras subiram 5,74% (ordinárias) e 5,03% (preferenciais). De qualquer forma, no ano as perdas ainda são muito elevadas. A ação ordinária, que forma as carteiras dos fundos FGTS/Petrobras, acumula depreciação de 26,30% em 2008.
O recuo do petróleo foi bem recebido pelas ações de companhias aéreas, por significar menor pressão nos custos dos combustíveis. O papel preferencial da Gol disparou 9,33%, e TAM PN terminou o pregão com elevação de 6,07%.
Para a Bolsa voltar a se recuperar de fato, é fundamental o retorno do capital externo, o que parece muito pouco provável nesse momento.
"O aprofundamento da crise nos principais centros financeiros faz os investidores embolsarem lucros por aqui para cobrir perdas que ocorrem lá fora. Além disso, o atual cenário tem criado a necessidade de os gestores diminuírem os riscos de suas carteiras, o que significa encolher posições em mercados como o brasileiro", diz William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da FGV.
Responsáveis por 35% das operações na Bovespa, os investidores estrangeiros são a categoria de maior peso do mercado local. Desde junho, o saldo das operações feitas com capital externo está negativo em mais de R$ 18 bilhões. Neste mês, até o dia 11, R$ 910 milhões deixaram as ações locais.

Baixas e altas
Com a elevada queda de segunda, muitas ações desceram a preços bastante baixos. Dessa forma, qualquer sinal favorável do exterior poderia atrair compradores. A arrancada vivida na última hora de pregão fez com que o giro financeiro alcançasse R$ 6,46 bilhões ontem na Bolsa -volume 27% maior que a média diária do mês.
Segundo operadores do mercado, gestores de fundos de investimento aproveitaram o sinal de melhora para adquirirem papéis depreciados, na tentativa de melhorarem o retorno de suas carteiras.
Os papéis de siderúrgicas e mineradoras, que têm sofrido bastante nas últimas semanas com a depreciação das commodities no mercado internacional, conseguiram se recuperar no pregão de ontem.
A ação ordinária da Companhia Siderúrgica Nacional encerrou com valorização de 4,40%, seguida do papel preferencial "A" da Vale (3,74%) e de Gerdau PN 3,15%.
Já o setor bancário não conseguiu se beneficiar muito da melhora do humor. Fora o papel ordinário do Banco do Brasil, que subiu 6,69%, as ações das outras grandes instituições financeiras tiveram desempenhos menos expressivos. A ação do Unibanco subiu 1,96%, seguida de Itaú PN (1,59%) e Bradesco PN (0,03%).


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