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Para Votorantim, crise deverá reduzir consumo
Gigante da celulose já é consolidadora do setor
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
O acirramento da crise internacional determinará o ritmo
de crescimento da nova gigante
da celulose, formada pela união
de Aracruz e VCP (Votorantim
Celulose e Papel).
A criação da companhia foi
anunciada na segunda-feira e
resultará em uma empresa de
R$ 6,3 bilhões de receita líquida, medida no período de julho
de 2007 a julho de 2008.
"Ainda não sentimos, na economia real, uma queda significativa do consumo, mas temos
de ser realistas: essa é uma crise
séria e, ao atingir os Estados
Unidos e a Europa, vai respingar na economia real e vai haver redução de consumo", diz
José Roberto Ermírio de Moraes, presidente do Conselho
de Administração da VCP. "Em
seis meses, teremos um termômetro importante para saber se
essa crise é passageira ou se é
de médio ou longo prazo."
É esse termômetro que irá
indicar a velocidade do crescimento da nova empresa. Até
2010, ela irá expandir sua produção de 4,5 milhões de toneladas para 7 milhões de toneladas. Com projetos já previstos,
a expansão seguinte indicava
chegar aos 13 milhões de toneladas. "Mas o ritmo de implantação vai depender das condições macroeconômicas e do
mercado", diz Moraes.
Apesar de ameaçar trazer
tempos difíceis à frente, a crise
também poderá significar
oportunidades, principalmente para uma empresa que pretende ser a consolidadora do
setor.
Segundo Ermírio de Moraes,
o enxugamento da liquidez trará os preços das empresas a patamares mais realistas. "As empresas estavam sendo vendidas
por múltiplos que não refletiam sua realidade", diz.
A expectativa da empresa é
que, depois de passado o período de consolidação da fusão, sejam feitas novas compras e parcerias, inclusive com o grupo
Suzano.
"Tudo é questão de timing e
oportunidade", diz ele, salientando que a expansão será cuidadosa porque o grupo não
quer perder o grau de investimento, que a torna atraente aos
investidores internacionais.
Grupo de transição
De acordo com Ermírio de
Moraes, foi formado um grupo
de transição que estuda o formato do negócio, incluindo-se
aí se com quem ficará a gestão e
o nome da empresa. Com a
união, estima-se que as sinergias alcancem R$ 4,5 bilhões.
"Já somos consolidadores
desse setor", diz Ermírio de
Moraes. "O jogo está só começando no Brasil e a empresa vai
adquirir tal musculatura e envergadura e também ficará ativa em relação ao mercado internacional."
A vantagem das empresas
brasileiras, no entanto, é maior
do que a das estrangeiras. "O jogo [na área de celulose] é o Brasil, mesmo com barreiras como
carga tributária elevada, burocracia excessiva, Judiciário lento e câmbio, que tornam a competição assimétrica", diz ele.
Isso porque apesar de a Indonésia e o Chile terem custos de
produção menores, o Brasil é
mais competitivo em relação à
produtividade e aos ciclos de
colheita. Com o aumento da escala, o cenário da empresa tende a melhorar.
Apesar de o BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) ser acionista da empresa, ele não financiará a operação.
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