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DEMISSÃO EM MASSA
CUT afirma que 1.500 voltam já ao trabalho, empresa dá licença para outros 1.500 e empresa abre PDV
Volks suspende 3.000 demissões no ABC
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Volkswagen recuou e suspendeu as 3.000 demissões na fábrica
de São Bernardo de Campo (SP).
O anúncio foi feito ontem pelo
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho,
após dois dias de negociações
com a direção mundial da empresa, em Wolfsburg, na Alemanha.
A proposta, que deverá ainda
ser avaliada em assembléia na segunda-feira, prevê o retorno imediato ao trabalho de 1.500 funcionários, licença remunerada para
1.500 empregados e abertura de
um programa de demissões voluntárias, segundo informou o
presidente da CUT, João Felício.
A Volks confirmou à Folha a
suspensão das dispensas, mas não
detalhou o acordo. Segundo o gerente de assuntos de imprensa do
grupo Volks na Alemanha, Gunther Scherelis, o acordo será apresentado na segunda-feira pela direção da montadora no Brasil.
Os 3.000 cortes foram feitos por
carta, na semana passada, no
mesmo dia em que os trabalhadores rejeitaram a flexibilização da
jornada e dos salários em 15%. A
empresa defendia a diminuição
para tornar a fábrica mais competitiva. Com o impasse, os funcionários entraram em greve por
tempo indeterminado na segunda-feira passada.
"Conseguimos parte do que
queríamos. Os detalhes serão divulgados aos trabalhadores na assembléia de segunda-feira", disse
o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho,
por meio de sua assessoria de imprensa. Ele deve desembarcar hoje, em São Paulo, por volta das 7h.
Na Alemanha, Marinho encarou, na mesa de negociação, o
presidente da Volks no Brasil,
Herbert Demel, a quem atribuiu o
impasse na empresa. "Quais foram os produtos lançados pela
Volks nos últimos dez anos?"
"A suspensão das demissões foi
uma vitória", disse o coordenador
da comissão de fábrica de São
Bernardo, Hélio Honorato.
A readmissão, entretanto, está
condicionada à aprovação de um
pacote que inclui redução de salários e jornada, tabela de salários
com pisos menores para novos
empregados e banco de horas.
A Folha apurou que os trabalhadores conseguiram, no lugar
da rotatividade de até 6% de pessoal (mil cortes por ano) como
queria a empresa, um sistema de
avaliação contínua de desempenho. A idéia é criar uma comissão,
sindicalistas e empresa, para
acompanhar essas avaliações. No
acordo aprovado em Taubaté,
com validade de dois anos, a
Volks abriu mão da rotatividade,
cancelou mil cortes e reduziu a
jornada e os salários em 15%.
Se aprovado o acordo no ABC,
os operários terão garantia de emprego de cinco anos. Isso será
possível, segundo o sindicato,
com novos investimentos na fábrica. O novo modelo Polo para
exportação deve ser produzido no
ABC. A montadora também deve
investir R$ 1 bilhão na unidade e
estuda a fabricação de mais um
veículo popular, além do Gol.
Para compensar o corte mensal
nos salários, o acordo prevê ainda
usar parte do reajuste salarial
(8,16%, segundo o INPC) e parte
da participação nos lucros. A proposta é transformar um terço do
reajuste em abono -que seria
parcelado em 12 meses para compor os ganhos mensais. O acordo
prevê ainda R$ 2.800 referente à
participação nos lucros em 2002,
sendo que R$ 1.800 seriam parcelados em 12 vezes.
Na Volks de São Carlos, os metalúrgicos já têm alternativas ao
voluntariado aberto na segunda-feira para evitar a demissão de 91
funcionários. Entre elas: férias coletivas (200 dos 530 empregados
tiveram uma em outubro), substituição de mão-de-obra terceirizada por pessoal próprio e extensão
do prazo do PDV. Ainda não houve adesões ao programa.
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