São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2001

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DEMISSÃO EM MASSA

CUT afirma que 1.500 voltam já ao trabalho, empresa dá licença para outros 1.500 e empresa abre PDV

Volks suspende 3.000 demissões no ABC

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Volkswagen recuou e suspendeu as 3.000 demissões na fábrica de São Bernardo de Campo (SP). O anúncio foi feito ontem pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, após dois dias de negociações com a direção mundial da empresa, em Wolfsburg, na Alemanha.
A proposta, que deverá ainda ser avaliada em assembléia na segunda-feira, prevê o retorno imediato ao trabalho de 1.500 funcionários, licença remunerada para 1.500 empregados e abertura de um programa de demissões voluntárias, segundo informou o presidente da CUT, João Felício.
A Volks confirmou à Folha a suspensão das dispensas, mas não detalhou o acordo. Segundo o gerente de assuntos de imprensa do grupo Volks na Alemanha, Gunther Scherelis, o acordo será apresentado na segunda-feira pela direção da montadora no Brasil.
Os 3.000 cortes foram feitos por carta, na semana passada, no mesmo dia em que os trabalhadores rejeitaram a flexibilização da jornada e dos salários em 15%. A empresa defendia a diminuição para tornar a fábrica mais competitiva. Com o impasse, os funcionários entraram em greve por tempo indeterminado na segunda-feira passada.
"Conseguimos parte do que queríamos. Os detalhes serão divulgados aos trabalhadores na assembléia de segunda-feira", disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, por meio de sua assessoria de imprensa. Ele deve desembarcar hoje, em São Paulo, por volta das 7h.
Na Alemanha, Marinho encarou, na mesa de negociação, o presidente da Volks no Brasil, Herbert Demel, a quem atribuiu o impasse na empresa. "Quais foram os produtos lançados pela Volks nos últimos dez anos?"
"A suspensão das demissões foi uma vitória", disse o coordenador da comissão de fábrica de São Bernardo, Hélio Honorato.
A readmissão, entretanto, está condicionada à aprovação de um pacote que inclui redução de salários e jornada, tabela de salários com pisos menores para novos empregados e banco de horas.
A Folha apurou que os trabalhadores conseguiram, no lugar da rotatividade de até 6% de pessoal (mil cortes por ano) como queria a empresa, um sistema de avaliação contínua de desempenho. A idéia é criar uma comissão, sindicalistas e empresa, para acompanhar essas avaliações. No acordo aprovado em Taubaté, com validade de dois anos, a Volks abriu mão da rotatividade, cancelou mil cortes e reduziu a jornada e os salários em 15%.
Se aprovado o acordo no ABC, os operários terão garantia de emprego de cinco anos. Isso será possível, segundo o sindicato, com novos investimentos na fábrica. O novo modelo Polo para exportação deve ser produzido no ABC. A montadora também deve investir R$ 1 bilhão na unidade e estuda a fabricação de mais um veículo popular, além do Gol.
Para compensar o corte mensal nos salários, o acordo prevê ainda usar parte do reajuste salarial (8,16%, segundo o INPC) e parte da participação nos lucros. A proposta é transformar um terço do reajuste em abono -que seria parcelado em 12 meses para compor os ganhos mensais. O acordo prevê ainda R$ 2.800 referente à participação nos lucros em 2002, sendo que R$ 1.800 seriam parcelados em 12 vezes.
Na Volks de São Carlos, os metalúrgicos já têm alternativas ao voluntariado aberto na segunda-feira para evitar a demissão de 91 funcionários. Entre elas: férias coletivas (200 dos 530 empregados tiveram uma em outubro), substituição de mão-de-obra terceirizada por pessoal próprio e extensão do prazo do PDV. Ainda não houve adesões ao programa.


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