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CRISE NO AR
Perda no 3º trimestre é de R$ 99 mi; concorrentes também devem ter resultado negativo
Prejuízo da Varig já é de R$ 608 mi em 2001
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Varig deu ontem a largada a
provável sequência de resultados
financeiros negativos no setor aéreo. A empresa divulgou o balanço relativo ao terceiro trimestre
do ano: prejuízo de R$ 99,1 milhões de julho a setembro -em
igual período de 2000, o prejuízo
foi de R$ 172 mil.
No acumulado do ano, o saldo
negativo chegou a R$ 608,3 milhões -2.357% superior ao apurado entre janeiro e setembro de
2000. Até o final do mês, a Vasp
deve divulgar seus números também. Além dela, ainda faltam
apresentar dados a Transbrasil e a
TAM. Todas devem registrar elevação nos seus custos, devido ao
aumento na cotação do dólar, e de
suas dívidas bancárias.
Os problemas financeiros que
essas companhias enfrentam têm
relação com a atual crise econômica brasileira e mundial. Há
uma forte retração na demanda
interna, com queda no consumo e
redução nos gastos da população.
Combustíveis
Além disso, a elevação do dólar
tem impacto nas contas das empresas: elas compram combustíveis em moeda estrangeira.
Para complicar ainda mais o
quadro, houve retração na venda
de passagens internacionais. A
queda no total de passagens vendidas chegou a até 70%, devido
aos atentados nos Estados Unidos. Companhias que têm seu faturamento mais atrelado à receita
obtida com viagens ao exterior,
como a Varig e a TAM, sentem
mais esse baque.
Os números da Varig, a maior
empresa aérea do país, são um reflexo dessa crise atual. A companhia acumulou dívidas de R$ 2,4
bilhões no último trimestre e um
passivo de R$ 756,9 milhões
-15% maior do que o registrado
no segundo trimestre.
O patrimônio líquido da empresa, que no ano passado estava positivo em R$ 5,1 milhões, sofreu
queda e ficou negativo em R$ 757
milhões no período.
Os balanços dos grupos do setor
apresentarão prejuízos maiores
do que o que realmente será divulgado. Isso por causa do diferimento cambial. As companhias
têm a permissão de distribuir, nos
trimestres futuros, as perdas que
tiveram por causa da desvalorização do real.
Desconto
Como os grupos estão muito
endividados, a disparada do dólar
acabou pressionando os resultados, e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que regula esse
mercado, permitiu que esse impacto fosse sendo "descontado"
nos próximos balanços.
A Varig, por exemplo, decidiu
diferir R$ 494,5 milhões. Ou seja,
contabilizou o volume como
"perdas cambiais". Se esse montante não pudesse ser diferido, a
companhia iria acumular um prejuízo, de janeiro a setembro, de R$
1,1 bilhão.
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