São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2001

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CRISE NO AR

Perda no 3º trimestre é de R$ 99 mi; concorrentes também devem ter resultado negativo

Prejuízo da Varig já é de R$ 608 mi em 2001

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A Varig deu ontem a largada a provável sequência de resultados financeiros negativos no setor aéreo. A empresa divulgou o balanço relativo ao terceiro trimestre do ano: prejuízo de R$ 99,1 milhões de julho a setembro -em igual período de 2000, o prejuízo foi de R$ 172 mil.
No acumulado do ano, o saldo negativo chegou a R$ 608,3 milhões -2.357% superior ao apurado entre janeiro e setembro de 2000. Até o final do mês, a Vasp deve divulgar seus números também. Além dela, ainda faltam apresentar dados a Transbrasil e a TAM. Todas devem registrar elevação nos seus custos, devido ao aumento na cotação do dólar, e de suas dívidas bancárias.
Os problemas financeiros que essas companhias enfrentam têm relação com a atual crise econômica brasileira e mundial. Há uma forte retração na demanda interna, com queda no consumo e redução nos gastos da população.

Combustíveis
Além disso, a elevação do dólar tem impacto nas contas das empresas: elas compram combustíveis em moeda estrangeira.
Para complicar ainda mais o quadro, houve retração na venda de passagens internacionais. A queda no total de passagens vendidas chegou a até 70%, devido aos atentados nos Estados Unidos. Companhias que têm seu faturamento mais atrelado à receita obtida com viagens ao exterior, como a Varig e a TAM, sentem mais esse baque.
Os números da Varig, a maior empresa aérea do país, são um reflexo dessa crise atual. A companhia acumulou dívidas de R$ 2,4 bilhões no último trimestre e um passivo de R$ 756,9 milhões -15% maior do que o registrado no segundo trimestre.
O patrimônio líquido da empresa, que no ano passado estava positivo em R$ 5,1 milhões, sofreu queda e ficou negativo em R$ 757 milhões no período.
Os balanços dos grupos do setor apresentarão prejuízos maiores do que o que realmente será divulgado. Isso por causa do diferimento cambial. As companhias têm a permissão de distribuir, nos trimestres futuros, as perdas que tiveram por causa da desvalorização do real.

Desconto
Como os grupos estão muito endividados, a disparada do dólar acabou pressionando os resultados, e a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que regula esse mercado, permitiu que esse impacto fosse sendo "descontado" nos próximos balanços.
A Varig, por exemplo, decidiu diferir R$ 494,5 milhões. Ou seja, contabilizou o volume como "perdas cambiais". Se esse montante não pudesse ser diferido, a companhia iria acumular um prejuízo, de janeiro a setembro, de R$ 1,1 bilhão.


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