São Paulo, sábado, 17 de novembro de 2001

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ECONOMIA DE GUERRA

É o maior período de retração desde a Grande Depressão

Produção nos EUA cai pelo 13º mês

DA REDAÇÃO

A produção industrial norte-americana caiu pelo 13º mês consecutivo em outubro, ainda em consequência dos ataques terroristas ao país em 11 de setembro.
Esse é o mais longo período de retração da indústria dos EUA desde a Grande Depressão, no início do século 20. Segundo o Federal Reserve (o BC americano), a queda na produção foi de 1,1% no mês passado, contra a retração de 1% em setembro.
As indústrias dos EUA já estavam em dificuldades antes dos ataques de setembro por causa da desaceleração econômica mundial. Depois dos atentados, a situação se deteriorou ainda mais para o setor.
Para tentar enfrentar a crise, as companhias anunciaram milhares de demissões, diminuíram a produção e cortaram as horas de trabalho de seus empregados ao longo desses meses.
Durante a Grande Depressão, a atividade industrial americana encolheu ininterruptamente por 15 meses -entre maio de 1931 e julho de 1932. Já a queda de 1,1% é a maior registrada desde a retração de 1,3% de novembro de 1990, quando os EUA entravam em sua última recessão.

Inflação
Em outro relatório divulgado ontem, o Departamento do Trabalho dos EUA anunciou que o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) no país recuou 0,3% em outubro. Isso é reflexo da forte queda (6,3%) nos preços da energia.
Essa retração afetou bastante o resultado da inflação. Prova disso é o fato de o "core" (núcleo) do CPI ter subido 0,2% em outubro. O "core" exclui as variações de preços de alimentos e de energia, que englobam combustíveis.
Em outubro, a gasolina ficou 10,7% mais barata em relação a setembro. Já o preço do gás natural caiu 6,8% no mês passado -a maior queda desde que o governo começou a acompanhar os preços do produto, em 1952.
Com a inflação em baixa, segundo economistas, o Fed tem campo para, se preciso, realizar novas reduções dos juros no país. A instituição já cortou dez vezes a taxa apenas neste ano, mas atuava com cautela, temendo que os juros baixos pudessem tirar a inflação do controle.

Pacote
Uma grande dúvida cresce no mercado em relação ao pacote de estímulo econômico ao país. Os congressistas norte-americanos não conseguem chegar a um acordo e, para alguns economistas, o pacote corre o risco de não ser aprovado a tempo de ajudar a economia do país.
"O pacote deveria ser posto em prática agora, se eles [os congressistas" realmente quisessem ajudar a economia", disse Diane Swonk, economista-chefe do Bank One, em Chicago.
Se sair do papel, o projeto deve garantir estímulo de US$ 70 bilhões. Mas os democratas (de oposição) e os republicanos (correligionários do presidente George W. Bush) estão divididos quanto à questão.



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