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COMÉRCIO GLOBAL
Com adesão dos chineses à OMC, Brasil vai ampliar exportações, mas falta estratégia para novo mercado
Negócios da China devem crescer 30%
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A adesão da China à OMC (Organização Mundial do Comércio)
deve resultar numa exportação de
US$ 2,7 bilhões do Brasil para
aquele mercado no ano que vem.
Isso significa um aumento de
30% em relação aos embarques
previstos para este ano, de US$ 2,1
bilhões, e de 152% sobre os realizados no ano passado, nos cálculos da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
A expansão nas exportações para a China, que já começou a partir de maio deste ano, é por puro
acaso, segundo economistas e especialistas em comércio exterior.
Isto é, o Brasil ainda não tem estratégias montadas para conquistar o mercado chinês. "Só agora
caiu a ficha para o Brasil de que a
China pode ser um importante
cliente do país", afirma José Augusto de Castro, diretor da AEB.
"Neste ano acordamos para o
fato de que a China cresce consideravelmente há dez anos", diz
Roberto Iglesias, consultor da
Funcex (Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior).
Em quatro meses, sem qualquer
esforço do Brasil, a China passou
da 10ª colocação -ocupada em
maio último- no ranking dos
principais compradores do país
para a 5ª posição, em setembro.
Nessa mudança, os chineses
deixaram para trás clientes tradicionais do país, como México,
França, Bélgica, Itália e Japão. De
janeiro a setembro deste ano, a
China representou 3,48% das exportações brasileiras. Em igual
período de 2000 detinha 1,94%.
"O Brasil vendeu mais para a
China devido a uma situação de
mercado e a ações isoladas de empresas", afirma Castro. Os EUA
são o maior cliente do Brasil, depois da União Européia, pois participam com 23,97% das exportações do país. Depois seguem Argentina (9,19%), Holanda (4,96%)
e Alemanha (3,48%).
Quem puxou a pauta de exportações para a China foi a soja em
grão. De janeiro a setembro, o
país exportou para lá US$ 522 milhões, 54,8% a mais do que em
igual período de 2000. "É que o
Brasil é o único país que exporta
soja sem alteração genética, a preferência dos chineses."
A China também comprou do
Brasil mais minério de ferro, celulose e fumo e passou a importar
carros e aviões. "O Brasil é conhecido lá fora como exportador de
minério de ferro, celulose e fumo.
No caso de carros e aviões, valeu
apenas o esforço da GM e da Embraer. Mas não pode ser só isso."
Para aproveitar a oportunidade
oferecida pelo mercado chinês,
segundo especialistas em comércio exterior, o Brasil vai ter que ir
lá mostrar os seus produtos. Vai
ter também de convencer os chineses de que podem comprar café
solúvel em vez de café em grão;
móveis em vez de madeira e óleo e
farelo de soja em vez de grão.
"O Brasil vai ter de se preocupar
com a exportação de produtos de
maior valor agregado, assim como estão fazendo seus concorrentes", diz Fábio Silveira, economista da MB Associados. "O mercado
chinês estará mais aberto. Só que
todo o mundo está de olho nele."
Para Iglesias, da Funcex, "apostar na China seria uma decisão
acertada". Além de o mercado
chinês estar crescendo -a taxa
deste ano deverá ficar em 8%- ,
o que não acontece no caso de outras economias, como a européia
e a americana, diz, o Brasil se beneficia da desvalorização do real,
que torna os produtos brasileiros
mais competitivos no exterior.
A indústria brasileira de carnes
também está se preparando para
conquistar o paladar dos consumidores chineses.
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