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Bush e repressão às drogas foram alvos de críticas
DE WASHINGTON
No ano passado, um abaixo-assinado com 500 economistas enviado ao presidente
George W. Bush chamava a
atenção por dois motivos: o
tema de que tratava e nome
que o encabeçava. Era a legalização da maconha, defendida por Milton Friedman, então com 92 anos.
A turma se baseava em estudo que havia acabado de
ser divulgado por Harvard e
defendia que a medida economizaria aos EUA US$ 14
bilhões por ano. Membro do
conservador Instituto Hoover, dentro da liberal Universidade Stanford, no norte da
Califórnia, o economista falou então com o repórter da
Folha. A primeira pergunta:
"Legalize já?". Sua resposta,
com voz enfraquecida: "Sim.
Sou a favor da legalização de
todas as drogas, não só a maconha. Que seja como o cigarro, como a bebida alcoólica. Cada um compra quanto
quer e usa como quer".
Lúcido, disparava de volta
a cada provocação. Sobre o
FMI e o Banco Mundial: "O
mundo seria um lugar melhor" sem eles. "Ao emprestar dinheiro a governos fracos, você os fortalece."
Sobre a Guerra do Iraque:
"Não apoiei a invasão. Agora
que estamos lá, no entanto,
temos de achar um jeito de
sair de uma maneira honrada e decente o mais rápido
possível". Sobre se continuava republicano: "Com erre
maiúsculo. Mas políticos são
políticos. É a melhor profissão do mundo: gastar dinheiro dos outros. Você faria o
mesmo se estivesse lá". Sobre o governo Bush: "Tem
feito um péssimo trabalho".
Mas eram as questões menos sobre política e economia -e menos ortodoxas, como ele próprio virou no final
da vida- que mais o animavam. Indagado se já tinha fumado maconha, respondeu,
entre risos: "Nunca, mas não
quero me comprometer com
essa resposta. Talvez eu decida usar um dia e não quero
ser considerado criminoso".
Previu a legalização das
drogas, mas ressalvou: "Eu
não vou estar aqui para ver,
mas você vai".
(SD)
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