São Paulo, sexta-feira, 17 de novembro de 2006

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Bush e repressão às drogas foram alvos de críticas

DE WASHINGTON

No ano passado, um abaixo-assinado com 500 economistas enviado ao presidente George W. Bush chamava a atenção por dois motivos: o tema de que tratava e nome que o encabeçava. Era a legalização da maconha, defendida por Milton Friedman, então com 92 anos.
A turma se baseava em estudo que havia acabado de ser divulgado por Harvard e defendia que a medida economizaria aos EUA US$ 14 bilhões por ano. Membro do conservador Instituto Hoover, dentro da liberal Universidade Stanford, no norte da Califórnia, o economista falou então com o repórter da Folha. A primeira pergunta: "Legalize já?". Sua resposta, com voz enfraquecida: "Sim. Sou a favor da legalização de todas as drogas, não só a maconha. Que seja como o cigarro, como a bebida alcoólica. Cada um compra quanto quer e usa como quer".
Lúcido, disparava de volta a cada provocação. Sobre o FMI e o Banco Mundial: "O mundo seria um lugar melhor" sem eles. "Ao emprestar dinheiro a governos fracos, você os fortalece."
Sobre a Guerra do Iraque: "Não apoiei a invasão. Agora que estamos lá, no entanto, temos de achar um jeito de sair de uma maneira honrada e decente o mais rápido possível". Sobre se continuava republicano: "Com erre maiúsculo. Mas políticos são políticos. É a melhor profissão do mundo: gastar dinheiro dos outros. Você faria o mesmo se estivesse lá". Sobre o governo Bush: "Tem feito um péssimo trabalho".
Mas eram as questões menos sobre política e economia -e menos ortodoxas, como ele próprio virou no final da vida- que mais o animavam. Indagado se já tinha fumado maconha, respondeu, entre risos: "Nunca, mas não quero me comprometer com essa resposta. Talvez eu decida usar um dia e não quero ser considerado criminoso".
Previu a legalização das drogas, mas ressalvou: "Eu não vou estar aqui para ver, mas você vai". (SD)


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