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Novo diretor já criticou independência do BC
DA REPORTAGEM LOCAL
A independência do Banco
Central, da forma como preconizada pelo pensamento econômico liberal, pode provocar
conflitos institucionais sérios,
além de contrariar, de forma
ilegítima, o poder de "governos
eleitos democraticamente".
É o que escreveu, em um artigo de 1993, o novo diretor de
Política Monetária do Banco
Central, Aldo Luiz Mendes.
O artigo de Mendes foi publicado pela revista do Instituto
de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo.
Escreveu Mendes: "Ao se
concederem mandatos a sua diretoria com prazos descasados
do mandado do chefe do Executivo e ao se impossibilitar o
afastamento de qualquer membro de sua diretoria pelo presidente da República, pode-se caminhar não só para conflitos
institucionais sérios, entre os
entes do Estado, como também
para o perigoso extremo de
transformar a autarquia num
órgão descompromissado dos
planos e das ações de governos
eleitos democraticamente".
De acordo com o artigo de
Mendes, a independência do
Banco Central não pode ser vista como um remédio para todos
os males. "Não deve ser encarada como uma panaceia", escreve ele no artigo. "Causas múltiplas estão na raiz da inflação
brasileira, e o fenômeno monetário é apenas mais uma delas.
Sem o enfrentamento da questão fiscal e sem o estabelecimento de uma política de rendas que possa minimizar tanto
o componente inercial quanto
o de expectativas inflacionárias, qualquer tentativa de conceder plena independência ao
Banco Central estaria fadada
ao fracasso."
Mendes fez mestrado pela
Universidade de Brasília e doutorado pela Universidade de
São Paulo. Sua tese de mestrado teve o seguinte título: "Concentração e Desintermediação
Financeira no Brasil: 1964-1986". No doutorado, Mendes
descreveu o aumento dos gastos públicos decorrentes de
pleitos surgidos com a redemocratização no país.
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