São Paulo, terça-feira, 17 de novembro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Meirelles defende as metas de inflação

Presidente do Banco Central rebate críticos e diz que que regime de metas permitiu superação da crise financeira

Torós falou no mesmo evento da instituição no Rio pouco antes do anúncio de sua saída da diretoria do Banco Central

Marco Antonio Cavalcanti/O Globo
Mario Torós, que deixou a diretoria do Banco Central, em evento sobre os 30 anos da taxa Selic

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ontem que o regime de metas de inflação mostrou-se adequado para o enfrentamento da crise econômica no Brasil e rebateu os críticos do sistema durante a abertura de seminário do BC no Rio, do qual participou por videoconferência.
"Alguns analistas mais afoitos e menos informados chegaram a dizer que o regime de metas não seria suficiente para permitir a superação da crise. No entanto, os dados de atividade mais recentes mostram enfaticamente que esse é um regime extremamente adequado para enfrentar crises", disse ele em evento sobre os 30 anos da taxa Selic.
Meirelles ressaltou ainda que o país foi bem-sucedido na separação da gestão de liquidez e da gestão de política monetária. Para ele, isso permitiu uma atuação mais eficaz na crise.
O evento também contou com a participação do até então diretor de Política Monetária do Banco Central, Mario Torós, cuja saída do cargo foi anunciada no início da noite. Durante toda a tarde, ele evitou jornalistas e se recusou a comentar o mal-estar causado por uma entrevista ao jornal "Valor Econômico", na qual revelou bastidores da ação do BC na crise.
Em palestra no seminário, ele afirmou que o diagnóstico correto da crise permitiu ao governo tomar as medidas adequadas para sua mitigação.
"No momento em que a economia precisava de liquidez, ela não podia esperar pela taxa de juros. Havia um "credit crunch" [uma crise de crédito], e combater um "credit crunch" só com a taxa de juros era um movimento que não fazia sentido naquele momento", disse Torós. Ele lembrou que, para lidar com essa situação, o Banco Central injetou liquidez em moeda nacional e estrangeira. Entre as medidas adotadas estão a redução dos compulsórios bancários (parcela dos depósitos recolhida ao Banco Central) e a realização de leilões de venda de dólares.
Segundo ele, as medidas contribuíram para a normalização do mercado de crédito no país. De acordo com dados do BC, a média diária da concessão de crédito entre março e setembro de 2009, de R$ 7,1 bilhões, é igual à verificada de janeiro a setembro do ano passado, período que antecedeu o agravamento da crise.


Texto Anterior: Novo diretor já criticou independência do BC
Próximo Texto: Real ainda está desvalorizado, afirma BofA
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.