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BC norte-americano afirma que pretende manter dólar "forte"
Fed, porém, indica que não deve alterar no curto prazo atual política de juros baixos
DA REDAÇÃO
O Fed (Federal Reserve, o
banco central dos Estados Unidos) disse que está atento às
flutuações do valor do dólar e
que vai conduzir a sua política
de modo que a moeda americana permaneça "forte".
"Estamos atentos às implicações das mudanças no valor do
dólar e continuaremos a formular políticas que protejam
de risco nosso mandato duplo
de estimular o pleno emprego e
a estabilidade de preços", afirmou Ben Bernanke, o presidente do Fed.
As declarações de Bernanke
ocorrem em um momento em
que a força do dólar e o seu papel como moeda de reserva global estão sendo questionados
por diversos países e pareceram direcionadas exatamente a
esses governos, como um alerta
de que o banco central norte-americano não está indiferente
aos rumos da divisa.
Porém, o dirigente indicou
que a alta dos juros (uma medida que colaboraria para a valorização da moeda americana)
não deve acontecer tão cedo,
porque ela poderia prejudicar a
recuperação da principal economia global. Os juros básicos
dos EUA estão atualmente entre zero e 0,25% ao ano, a menor taxa histórica.
Economistas como Nouriel
Roubini, um dos primeiros a
prever a crise global, e até o
FMI vêm alertando para o fato
de que o dólar vem sendo usado
como instrumento de "carry
trade". Ou seja: os investidores
aproveitam os juros baixos nos
EUA para pegar empréstimos
em dólar e reinvestir esse dinheiro em ativos de países com
taxas mais altas -e retornos
maiores.
"Esses negócios [com o dólar] podem estar contribuindo
para a pressão de alta no euro e
em algumas moedas de economias emergentes", disse o Fundo no início deste mês.
O dólar baixo facilita ainda a
venda de produtos americanos
para o exterior, porém gera
queixa de países exportadores.
Mesmo a China, que tem sua
moeda, o yuan, atrelada ao dólar, vem reclamando da política
de juros baixos do banco central americano -e seus efeitos
no "carry trade". O chefe do órgão regulador dos bancos da
China, Liu Mingkang, afirmou
anteontem que a taxa de juros
dos Estados Unidos e a queda
da cotação do dólar estão afetando seriamente os preços de
ativos e ameaçando a recuperação econômica mundial.
Não que a política cambial
chinesa também não seja alvo
de críticas. O diretor-gerente
do FMI, Dominique Strauss-Kahn, disse ontem que a valorização do yuan é uma das reformas que Pequim precisa implementar. Para ele, a medida
"ajudaria a aumentar o poder
de compra das famílias, elevar a
renda dos trabalhadores e dar
os incentivos corretos para a
reorientação do investimento".
O controle sobre o câmbio
mantido pelo governo chinês é
criticado por vários países, inclusive o Brasil.
Com agências internacionais
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