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MEDIDAS
Klaus Friedrich, do Dresdner, defende a desvalorização do real como meio de evitar ataques especulativos
Pacote fiscal é ineficaz, diz banco alemão
ANTONIO CARLOS SEIDL
da Reportagem Local
O economista
Klaus Friedrich,
principal executivo do Dresdner Bank (segundo maior
grupo financeiro da Alemanha), disse que as medidas fiscais
adotadas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para defender o real dos especuladores são a
Linha Maginot da economia brasileira.
A Linha Maginot, que ficou conhecida como sinônimo de inutilidade na linguagem militar, foi
uma fortificação que deu uma falsa
sensação de segurança aos franceses contra ataques alemães na 2ª
Grande Guerra Mundial.
Em entrevista à Folha, por telefone, de Frankfurt, o principal estrategista do grupo Dresdner defendeu a desvalorização cambial,
por meio da ampliação da banda
de variação da taxa do real em relação ao dólar, como a melhor maneira de afastar ataques especulativos contra a moeda brasileira na
atual crise dos mercados financeiros mundiais.
"Um anúncio de um substancial
alargamento da banda cambial iria
provavelmente assustar os especuladores que pensam que a relativa
inflexibilidade do câmbio é a única
aposta do governo brasileiro."
Friedrich estará hoje em São
Paulo para falar sobre a estratégia
do Dresdner Bank para o Brasil,
onde possui o Dresdner Bank Lateinamerika, e sobre as consequências do euro (a moeda única
que Comunidade Européia introduzirá em 1999) para a América
Latina, na sede do grupo alemão
em São Paulo.
O economista alemão, que, antes
de ir para o Dresdner em 1992, trabalhou no Instituto de Finanças
Internacionais e no Federal Reserve (o banco central norte-americano), em Washington, disse que os
governos têm de adotar atitudes
diferentes na administração da taxa de câmbio em tempos de crise e
em tempos normais.
"O Brasil tem usado com sucesso a taxa de câmbio como âncora
do programa de combate à inflação, mas, em tempo de crise, o país
deve usar todos os instrumentos
que tem à disposição contra os especuladores."
Friedrich qualificou de "uma
conclusão precipitada" pensar que
a desvalorização cambial será um
convite para a volta da inflação.
"Essa é uma conclusão muito pessimista", disse.
"Em época de crise como a
atual, os especuladores internacionais vibram quando os bancos
centrais ficam inflexíveis atrás de
uma Linha Maginot, representada
por uma taxa de câmbio sobrevalorizada."
Friedrich afirmou que o Dresdner Bank não vê dificuldades para
as instituições oficiais e as empresas brasileiras captarem recursos
nos mercados de capitais da Europa e dos EUA.
"Meu banco, por exemplo, que
tem um extenso interesse financeiro no Brasil, não vai mudar a sua
avaliação de risco do país, que está
atualmente entre as melhores dos
países emergentes", disse.
O executivo disse que o Dresdner
confia no Brasil, um país que, afirmou, continuará a atrair fluxos de
capital estrangeiro para os setores
financeiro e produtivo.
"Estamos muito bem impressionados com a agenda de reformas e com o desempenho do país
no combate à inflação e no avanço
da modernização nos últimos três
anos."
"Os problemas atuais, que não
foram originados no Brasil, são
temporários, mas obviamente sua
resolução depende de quão inteligentemente o governo lidar com a
crise".
"Para o Dresdner, o Brasil é uma
história de sucesso. Não estamos
mudando a nossa opinião", disse.
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