São Paulo, terça-feira, 17 de dezembro de 2002

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BARRIL DE PÓLVORA

Cotação sobe 5,8% em NY devido ao impasse no país sul-americano; em 12 meses, alta já chega a 55%

Greve na Venezuela faz óleo atingir US$ 30

Luis Bravo/Reuters
Marinheiros grevistas de um petroleiro ancorado no lago de Maracaibo (Venezuela) erguem os braços durante uma manifestação


DA REDAÇÃO

A greve geral na Venezuela, em protesto contra o presidente Hugo Chávez, continua afetando o carregamento de petróleo no país, que é o quinto maior exportador mundial. As cotações do produto tiveram um dia de forte alta e atingiram os maiores valores dos últimos dois meses.
Na Bolsa Mercantil de Nova York, a cotação do barril subiu 5,8% ontem e fechou a US$ 30,10, a maior desde o dia 15 de outubro. Em relação a igual período do ano passado, o preço do produto está 55% mais elevado.
Em Londres, na Bolsa Internacional do Petróleo, o barril encerrou o dia cotado a US$ 28,38, com ganho de 4,3%.
"O mercado já começa a não contar com o petróleo da Venezuela, uma vez que não há sinal de uma resolução para a greve", disse Marshall Steeves, analista de energia da corretora Refco LLC.
A Venezuela é um dos principais fornecedores de petróleo para os EUA. Dados mais recentes mostram que 13% do óleo importado pelos norte-americanos vem do país sul-americano.
Ontem, havia pelo menos 40 petroleiros ancorados em portos venezuelanos aguardando o momento de serem carregados. As paralisações, que entraram na terceira semana, reduziram a produção venezuelana a menos de um terço. Normalmente, o país produz em média 3,1 milhões de barris por dia.
A produção das refinarias do país sofreu uma retração ainda mais drástica. De uma capacidade total de 1,3 milhão de barris diários, estão sendo processados cerca de 80 mil barris, atendendo apenas a atividades emergenciais.
Boa parte dos funcionários da gigante estatal PDVSA (Petróleos de Venezuela) apóia a manifestação. A extração diária de petróleo da empresa caiu para 450 mil barris, ante uma média de 2,7 milhões no mês passado.
A refinaria de Amuay-Cardon, que tem uma capacidade para processar 940 mil barris ao dia e é a maior do hemisfério, realiza no momento apenas operações de manutenção. O resultado é que a Venezuela está sendo obrigada a importar combustíveis dos EUA, de Curaçao, das Ilhas Virgens e até mesmo da Alemanha.
A instabilidade venezuelana só ampliou as incertezas em um mercado já tenso pela possibilidade de um ataque dos EUA ao Iraque. Para os analistas, a cotação o barril poderia atingir rapidamente US$ 40 em caso de um conflito no Oriente Médio, como ocorreu na Guerra do Golfo (1991).

Com agências internacionais
LEIA MAIS sobre a greve na Venezuela no caderno Mundo


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