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São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 2003

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Desde 95, renda no comércio já caiu 43,5%

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A queda na renda dos trabalhadores foi mais intensa no setor do comércio e chegou a 43,5% no período de 1995 a 2003, segundo estudo divulgado ontem pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos). Esse foi o pior resultado entre quatro atividades econômicas analisadas no levantamento: comércio, indústria, serviços e construção civil.
Os dados foram retirados da Pesquisa de Emprego e Desemprego feita em parceria pelo Dieese e pela Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), com informações até setembro de 2003, e levam em conta os rendimentos na cidade de São Paulo.
Enquanto os rendimentos dos trabalhadores ocupados (com ou sem carteira) do comércio caíram 43,5% nos últimos oito anos, na indústria a retração nos salários foi de 27,7%. No setor de serviços, 28,9%. Na construção civil, a queda chegou a 34,5%.
De acordo com o estudo, aumentou também a distância entre os salários pagos no comércio e na indústria. Em 1995, o rendimento de um comerciário correspondia a 87,6% do rendimento de um operário da indústria. Neste ano, o trabalhador do comércio recebe 68,4% do que ganha, em média, o industriário.
"A inflação acumulada no período corroeu o poder de compra dos trabalhadores. Outros motivos que explicam a perda salarial são o desemprego elevado e a alta rotatividade desse setor", diz José Silvestre, técnico do Dieese.
Segundo o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de São Paulo, Ricardo Patah, cerca de 60% das demissões que ocorreram neste ano foram de funcionários com menos de um ano de serviço. "A troca de funcionários por salários mais baixos é uma das principais medidas que o setor utiliza para cortar custos, uma vez que o comércio já registra queda nas vendas de 4,96% [de acordo com IBGE]", afirma.
O estudo do Dieese mostra ainda que, entre os assalariados do comércio, a retração do poder aquisitivo foi de 26,4% nos últimos oito anos. Entre os sem carteira a queda foi de 16,9%, ante 27,8% dos com carteira assinada.


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