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Desde 95, renda no comércio já caiu 43,5%
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A queda na renda dos trabalhadores foi mais intensa no setor do
comércio e chegou a 43,5% no período de 1995 a 2003, segundo estudo divulgado ontem pelo Dieese (Departamento Intersindical
de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos). Esse foi o pior resultado entre quatro atividades
econômicas analisadas no levantamento: comércio, indústria, serviços e construção civil.
Os dados foram retirados da
Pesquisa de Emprego e Desemprego feita em parceria pelo Dieese e pela Fundação Seade (Sistema
Estadual de Análise de Dados),
com informações até setembro de
2003, e levam em conta os rendimentos na cidade de São Paulo.
Enquanto os rendimentos dos
trabalhadores ocupados (com ou
sem carteira) do comércio caíram
43,5% nos últimos oito anos, na
indústria a retração nos salários
foi de 27,7%. No setor de serviços,
28,9%. Na construção civil, a queda chegou a 34,5%.
De acordo com o estudo, aumentou também a distância entre
os salários pagos no comércio e
na indústria. Em 1995, o rendimento de um comerciário correspondia a 87,6% do rendimento de
um operário da indústria. Neste
ano, o trabalhador do comércio
recebe 68,4% do que ganha, em
média, o industriário.
"A inflação acumulada no período corroeu o poder de compra
dos trabalhadores. Outros motivos que explicam a perda salarial
são o desemprego elevado e a alta
rotatividade desse setor", diz José
Silvestre, técnico do Dieese.
Segundo o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de São Paulo, Ricardo Patah,
cerca de 60% das demissões que
ocorreram neste ano foram de
funcionários com menos de um
ano de serviço. "A troca de funcionários por salários mais baixos
é uma das principais medidas que
o setor utiliza para cortar custos,
uma vez que o comércio já registra queda nas vendas de 4,96% [de
acordo com IBGE]", afirma.
O estudo do Dieese mostra ainda que, entre os assalariados do
comércio, a retração do poder
aquisitivo foi de 26,4% nos últimos oito anos. Entre os sem carteira a queda foi de 16,9%, ante
27,8% dos com carteira assinada.
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