São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 2005

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Vantagem é previsibilidade, diz agricultor

DO PAINEL S.A., EM MUCURI (BA)

Há 30 anos na região, o fazendeiro Leodônio Ferreira, 62, foi um dos primeiros participantes da parceria entre a Suzano e os moradores dos arredores da fábrica em Mucuri, sul da Bahia.
"Eu vendi uma parte da minha fazenda na época da vinda da Bahia Sul para cá, porque sabia que a região iria se beneficiar", conta Ferreira, que começou a plantar eucaliptos há 11 anos, cansado das variações de preço dos produtos que plantava, como mamão, cana, abóbora e feijão.
Ferreira não se queixa do preço pago pela madeira -segundo ele, cerca da metade que conseguiria se vendesse no mercado. "A vantagem é que eu sei quando e quanto vou receber", afirma.
"Eu já tive atividades mais rentáveis que o eucalipto, como a cana, mas os usineiros atrasavam os pagamentos, quando não davam calote", conta o fazendeiro.
Mas Ferreira não dedica integralmente sua terra ao plantio dos eucaliptos. Quase a metade ele reserva ao gado, para a piscicultura e à criação de avestruzes, que chegam a custar R$ 4 mil cada uma. Com dois filhos formados e duas a caminho da formatura, ele atribui sua prosperidade ao eucalipto. "O que a gente tem aqui foi graças ao eucalipto."

Desconhecimento
"Cansei de ficar em cima do trator chorando, pedindo uma solução a Deus", diz Ênio Teixeira, 57, há 25 anos no sul da Bahia.
Antes de cultivar eucaliptos, Teixeira, como tantos na região, se dedicava à lavoura (melancia, abóbora e mamão). Mas diz que o dinheiro da venda dos produtos "mal dava para pagar as contas".
Teixeira começou o cultivo de eucalipto com 36 hectares. Com o apoio "da firma", ampliou a área para os atuais 220 hectares.
Com o dinheiro do adiantamento, recebe cerca de R$ 15 mil por mês. "Com a roça, se desse R$ 1.200 era muito", afirma.
Sobre o fato de o cultivo de eucalipto não demandar muita atenção, o agricultor diz sentir saudades da roça. "A gente sempre tinha alguma coisa para ver. Agora, eu até esqueço do eucalipto. Outro dia vieram aqui para me dizer que a gente tinha de cortar e eu nem me lembrava."


O jornalista Marcelo Pinho viajou a Mucuri a convite da Suzano


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