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Produção de eucalipto gera pouco emprego
DO PAINEL S.A.
O principal problema das
parcerias no setor, apontam
os ambientalistas, está na
baixa geração de empregos.
"O eucalipto para celulose
não requer muita atenção:
basta um trabalhador para
cada 15 ou 20 hectares. Às
vezes, essa taxa sobe para
um trabalhador a cada 30 ou
40 hectares", afirma o ambientalista Marcelo Calazans, da Rede Deserto Verde, organização contrária à
expansão da "monocultura
do eucalipto".
O presidente da Bracelpa,
Osmar Zogbi, discorda e
afirma que a presença de trabalhadores é intensa. As fábricas do setor, diz, empregam 100 mil trabalhadores, e
as florestas, outros 30 mil.
Em visita a três propriedades no sul da Bahia, a Folha
encontrou poucos trabalhadores. Em uma delas, havia
apenas um empregado, que,
conforme o proprietário,
"olha o terreno". Sobre o caso, Zogbi disse que deveria
se tratar de um recorde e que
a produtividade deveria ser
baixa. Segundo a Suzano, a
quem o terreno está vinculado, a produtividade é alta.
As empresas se defendem
citando atividades como a
pecuária e a soja, que, apontam, empregam menos do
que o eucalipto.
Para Calazans, outro risco
é a formação de monoculturas. "Os rios da região vão
desaparecendo, os peixes
desaparecem e a fauna e a
flora são prejudicados." Suzano, Cenibra e Aracruz respondem afirmando que todos os parceiros são estimulados a plantar, além do eucalipto, outras culturas.
O professor de engenharia
florestal da Universidade Federal de Viçosa (MG), Sebastião Valverde, diz que as empresas respeitam as determinações legais, como formação de reservas ambientais.
Essa prática, diz, elas levam
aos parceiros também.
Já Henri Acselrad, professor do Instituto de Planejamento Urbano e Regional da
Universidade Federal do Rio
de Janeiro, avalia que as parcerias criam vínculo de dependência do agricultor com
a empresa e não com o campo. "Com o tempo, o solo
tende a se esgotar e perder
valor drasticamente. O proprietário será mais um excluído nas cidades."
O prejuízos à terra dividem opiniões. Segundo Acselrad, ambos os lados apresentam estudos para comprovar os males ou os mitos
relacionados ao eucalipto.
(MP)
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