São Paulo, terça-feira, 18 de janeiro de 2005

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Produção de eucalipto gera pouco emprego

DO PAINEL S.A.

O principal problema das parcerias no setor, apontam os ambientalistas, está na baixa geração de empregos.
"O eucalipto para celulose não requer muita atenção: basta um trabalhador para cada 15 ou 20 hectares. Às vezes, essa taxa sobe para um trabalhador a cada 30 ou 40 hectares", afirma o ambientalista Marcelo Calazans, da Rede Deserto Verde, organização contrária à expansão da "monocultura do eucalipto".
O presidente da Bracelpa, Osmar Zogbi, discorda e afirma que a presença de trabalhadores é intensa. As fábricas do setor, diz, empregam 100 mil trabalhadores, e as florestas, outros 30 mil.
Em visita a três propriedades no sul da Bahia, a Folha encontrou poucos trabalhadores. Em uma delas, havia apenas um empregado, que, conforme o proprietário, "olha o terreno". Sobre o caso, Zogbi disse que deveria se tratar de um recorde e que a produtividade deveria ser baixa. Segundo a Suzano, a quem o terreno está vinculado, a produtividade é alta.
As empresas se defendem citando atividades como a pecuária e a soja, que, apontam, empregam menos do que o eucalipto.
Para Calazans, outro risco é a formação de monoculturas. "Os rios da região vão desaparecendo, os peixes desaparecem e a fauna e a flora são prejudicados." Suzano, Cenibra e Aracruz respondem afirmando que todos os parceiros são estimulados a plantar, além do eucalipto, outras culturas.
O professor de engenharia florestal da Universidade Federal de Viçosa (MG), Sebastião Valverde, diz que as empresas respeitam as determinações legais, como formação de reservas ambientais. Essa prática, diz, elas levam aos parceiros também.
Já Henri Acselrad, professor do Instituto de Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, avalia que as parcerias criam vínculo de dependência do agricultor com a empresa e não com o campo. "Com o tempo, o solo tende a se esgotar e perder valor drasticamente. O proprietário será mais um excluído nas cidades."
O prejuízos à terra dividem opiniões. Segundo Acselrad, ambos os lados apresentam estudos para comprovar os males ou os mitos relacionados ao eucalipto. (MP)


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