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Bovespa já caiu 10,7% no ano; NY, 8,3%
Bolsa paulista perdeu 2,96% no pregão de ontem; dólar sobe 0,79% e vai a R$ 1,78; ação da Petrobras recua 5% no dia
Fala de Bernanke, presidente do BC dos EUA, eleva temor de que a crise no país possa ser ainda maior do que prevista
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ano ainda não completou
suas primeiras três semanas, e
a Bolsa de Valores de São Paulo
já acumula desvalorização de
10,72%. No pregão de ontem, a
queda registrada foi de 2,96%.
O dólar subiu ontem 0,79%, e
foi a R$ 1,787, maior valor do
ano.
A Bovespa tem sido afetada
por uma nova onda de pessimismo e conservadorismo que
tem derrubado os mercados
acionários pelo planeta. No
centro desse cenário negativo
estão as preocupações com a
economia dos Estados Unidos,
que tem dado sinais cada vez
mais fortes de que caminha para uma recessão.
Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones, que reúne as
30 ações americanas mais negociadas, caiu 2,46% ontem
-no ano, suas perdas já alcançam 8,33%. A Bolsa eletrônica
Nasdaq, dos papéis de empresas de tecnologia, sofreu baixa
de 1,99%, o que fez sua queda
em 2008 ir a 11,51%.
As quedas recentes levaram o
índice Ibovespa (que agrupa as
64 ações brasileiras de maior
peso) aos 57.036 pontos, em
seu mais baixo patamar em
quase quatro meses. A pontuação da Bolsa acompanha o valor
das ações. Quando elas se desvalorizam, a pontuação recua
-e vice-versa.
O aguardado testemunho de
Ben Bernanke, presidente do
Fed (Federal Reserve, o banco
central dos EUA), no Congresso norte-americano, no qual sinalizou que os juros poderão
ser cortados de forma mais expressiva, não conseguiu animar
analistas e investidores.
O fato de Bernanke ressaltar
que medidas fiscais adicionais
podem ser importantes para
proteger a economia das turbulências que têm afetado o sistema financeiro foi encarado como indicador de que a crise pode ser maior que o temido.
A divulgação de dados econômicos ruins, como a retração na
atividade manufatureira em janeiro e a forte queda na construção de moradias novas nos
EUA em dezembro, apenas piorou o panorama do mercado.
A Europa não escapou do
mau humor: a Bolsa de Frankfurt recuou 0,78%, e a de Londres caiu 0,68%.
"Os mercados estão bastante
vulneráveis, com grandes dúvidas e ansiedade em relação à
economia norte-americana, se
vai haver recessão e seus efeitos
nocivos para o mundo", afirmou Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management.
Saída de capital
A venda de ações pelos estrangeiros, que respondem por
cerca de 37% das operações da
Bovespa, tem pesado no desempenho do mercado acionário doméstico.
Até o pregão do dia 15, o saldo
das operações dos estrangeiros
na Bovespa estava negativo em
R$ 2,3 bilhões.
O movimento dos estrangeiros e a queda no preço de barril
de petróleo têm punido bastante as ações da Petrobras.
No pregão de ontem os papéis da petrolífera estiveram
mais uma vez entre os destaques de perdas. A ação ON (ordinária) da Petrobras se desvalorizou em 5,34% ontem, e a
PN (preferencial) caiu 5,02%.
O barril de petróleo recuou
0,78% ontem em Nova York,
para US$ 90,13.
Os investidores internacionais também têm vendido títulos da dívida brasileira no exterior. O efeito desse movimento
é a elevação do risco-país. No
fim das operações de ontem, o
risco marcava 246 pontos, em
alta de 4,2%.
Hoje o mercado espera o
anúncio do presidente dos
EUA, George W. Bush, sobre
sua proposta para estimular a
economia norte-americana.
A cada divulgação de um novo dado norte-americano o
mercado tem se deparado com
sinais mais fortes de que a desaceleração econômica no país
está se intensificando para níveis preocupantes.
A crise no setor de crédito
imobiliário americano de alto
risco (o "subprime"), que se
aprofundou no segundo semestre de 2007, prejudicou o resultado dos bancos (devido aos calotes crescentes), pressionou
os juros e diminuiu as operações de crédito realizadas.
Com esse cenário mais adverso, teme-se que outros segmentos, além do bancário, passem a apresentar resultados
ruins. Temerosos com relação
ao futuro da economia e o desempenho das companhias de
capital aberto, investidores
têm preferido vender suas
ações antes que o cenário se
agrave mais. Assim, as Bolsas
têm caído nos principais centros financeiros do planeta.
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