São Paulo, sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

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Bovespa já caiu 10,7% no ano; NY, 8,3%

Bolsa paulista perdeu 2,96% no pregão de ontem; dólar sobe 0,79% e vai a R$ 1,78; ação da Petrobras recua 5% no dia

Fala de Bernanke, presidente do BC dos EUA, eleva temor de que a crise no país possa ser ainda maior do que prevista

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ano ainda não completou suas primeiras três semanas, e a Bolsa de Valores de São Paulo já acumula desvalorização de 10,72%. No pregão de ontem, a queda registrada foi de 2,96%. O dólar subiu ontem 0,79%, e foi a R$ 1,787, maior valor do ano.
A Bovespa tem sido afetada por uma nova onda de pessimismo e conservadorismo que tem derrubado os mercados acionários pelo planeta. No centro desse cenário negativo estão as preocupações com a economia dos Estados Unidos, que tem dado sinais cada vez mais fortes de que caminha para uma recessão.
Na Bolsa de Nova York, o índice Dow Jones, que reúne as 30 ações americanas mais negociadas, caiu 2,46% ontem -no ano, suas perdas já alcançam 8,33%. A Bolsa eletrônica Nasdaq, dos papéis de empresas de tecnologia, sofreu baixa de 1,99%, o que fez sua queda em 2008 ir a 11,51%.
As quedas recentes levaram o índice Ibovespa (que agrupa as 64 ações brasileiras de maior peso) aos 57.036 pontos, em seu mais baixo patamar em quase quatro meses. A pontuação da Bolsa acompanha o valor das ações. Quando elas se desvalorizam, a pontuação recua -e vice-versa.
O aguardado testemunho de Ben Bernanke, presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), no Congresso norte-americano, no qual sinalizou que os juros poderão ser cortados de forma mais expressiva, não conseguiu animar analistas e investidores.
O fato de Bernanke ressaltar que medidas fiscais adicionais podem ser importantes para proteger a economia das turbulências que têm afetado o sistema financeiro foi encarado como indicador de que a crise pode ser maior que o temido.
A divulgação de dados econômicos ruins, como a retração na atividade manufatureira em janeiro e a forte queda na construção de moradias novas nos EUA em dezembro, apenas piorou o panorama do mercado.
A Europa não escapou do mau humor: a Bolsa de Frankfurt recuou 0,78%, e a de Londres caiu 0,68%.
"Os mercados estão bastante vulneráveis, com grandes dúvidas e ansiedade em relação à economia norte-americana, se vai haver recessão e seus efeitos nocivos para o mundo", afirmou Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management.

Saída de capital
A venda de ações pelos estrangeiros, que respondem por cerca de 37% das operações da Bovespa, tem pesado no desempenho do mercado acionário doméstico.
Até o pregão do dia 15, o saldo das operações dos estrangeiros na Bovespa estava negativo em R$ 2,3 bilhões.
O movimento dos estrangeiros e a queda no preço de barril de petróleo têm punido bastante as ações da Petrobras.
No pregão de ontem os papéis da petrolífera estiveram mais uma vez entre os destaques de perdas. A ação ON (ordinária) da Petrobras se desvalorizou em 5,34% ontem, e a PN (preferencial) caiu 5,02%.
O barril de petróleo recuou 0,78% ontem em Nova York, para US$ 90,13.
Os investidores internacionais também têm vendido títulos da dívida brasileira no exterior. O efeito desse movimento é a elevação do risco-país. No fim das operações de ontem, o risco marcava 246 pontos, em alta de 4,2%.
Hoje o mercado espera o anúncio do presidente dos EUA, George W. Bush, sobre sua proposta para estimular a economia norte-americana.
A cada divulgação de um novo dado norte-americano o mercado tem se deparado com sinais mais fortes de que a desaceleração econômica no país está se intensificando para níveis preocupantes.
A crise no setor de crédito imobiliário americano de alto risco (o "subprime"), que se aprofundou no segundo semestre de 2007, prejudicou o resultado dos bancos (devido aos calotes crescentes), pressionou os juros e diminuiu as operações de crédito realizadas.
Com esse cenário mais adverso, teme-se que outros segmentos, além do bancário, passem a apresentar resultados ruins. Temerosos com relação ao futuro da economia e o desempenho das companhias de capital aberto, investidores têm preferido vender suas ações antes que o cenário se agrave mais. Assim, as Bolsas têm caído nos principais centros financeiros do planeta.


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