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Cresce temor sobre rombo em seguradoras
Ações de empresas que garantem pagamento de títulos caem até 65%, após Moody's indicar que pode rebaixar notas
Mercado teme que crise do crédito nos EUA possa agora entrar em uma nova fase, com problemas em série gerados pelas seguradoras
ALINE VAN DUYN
SASKIA SCHOLTES
DO "FINANCIAL TIMES", EM NOVA YORK
O medo de que a compressão
de crédito possa estar ingressando em nova fase aumentou
ontem, à medida que surgiam
novas dúvidas sobre o vigor financeiro das seguradoras que
garantem os pagamentos de bilhões de dólares em títulos.
As ações do MBIA Ambac Financial Group e da MBIA, as
maiores seguradoras de títulos
financeiros do mundo, caíram
65% e 40%, respectivamente,
depois que a Moody's alertou
que poderia reduzir a classificação de crédito AAA, que serve
de base ao modelo de negócios
adotado pelas empresas.
Um rebaixamento como esse
vinha sendo temido pelas autoridades norte-americanas. A
medida reverberaria nos mercados do mundo e abalaria o valor de US$ 2,4 trilhões em títulos municipais e estruturados
que essas seguradoras garantem, já que a perda da classificação AAA por elas também levaria a rebaixamento na classificação de muitos dos títulos
cuja cobertura elas oferecem.
Um rebaixamento também
forçaria bancos e outras instituições a elevar consideravelmente o montante de capital de
risco que retêm contra transações já realizadas com as seguradoras ou os detentores de títulos segurados. O capital das
instituições já está distendido
devido a prejuízos de bilhões de
dólares com transações no
mercado de hipotecas.
Nos mercados de crédito, o
custo de proteção contra uma
possível inadimplência da
MBIA ou da Ambac disparou.
"Os mercados de dívida e capital agora consideram que essas empresas já não são AAA",
disse Andrew Wessel, analista
do JP Morgan. "A capacidade
delas para realizar seguros de
novos títulos, sua única função,
foi efetivamente reduzida."
Os potenciais riscos de impacto associados a problemas
de exposição às seguradoras de
títulos foram colocados em
destaque ontem, quando o
Merrill Lynch anunciou ter
contabilizado como prejuízo
US$ 3,1 bilhões em papéis adquiridos de outra seguradora
de títulos, a ACA, devido à expectativa de inadimplência.
A ACA, uma seguradora que
vem enfrentando problemas de
crédito, já teve sua classificação
reduzida para a dos "junk
bonds", de maior risco. Ainda
que a ACA seja instituição de
crédito mais fraca que a MBIA
ou a Ambac, ela coloca em destaque o chamado risco de contraparte, em caso de rebaixamentos nesse setor.
A mais recente crise de confiança quanto a MBIA e Ambac,
que vem se agravando à medida
que surgem detalhes sobre as
escalas de perdas que as seguradoras devem sofrer devido às
garantias que ofereceram para
títulos lastreados por ativos hipotecários de risco, se seguiu a
um aviso inesperado da
Moody's Investors Service sobre possível rebaixamento da
classificação AAA da Ambac.
A Ambac e a MBIA cortaram
seus dividendos e estão planejando levantar capital a fim de
cobrir os rombos. A Ambac
anunciou planos para levantar
US$ 1 bilhão em capital novo na
quarta-feira, mas isso parece
cada vez mais difícil tendo em
vista a queda no valor de suas
ações.
Haveria diversos efeitos colaterais possíveis caso MBIA,
Ambac e outras seguradoras de
títulos percam sua classificação
AAA. As agências regulatórias
já estão examinando se essas
seguradoras deveriam de fato
ter ampliado seus negócios a
áreas que se provaram mais arriscadas do que os mercados de
títulos municipais em que tradicionalmente operavam.
Jamie Dimon, presidente-executivo do JP Morgan, disse
nesta semana que "o que me
preocupa é que, se uma dessas
organizações não sobreviver, os
efeitos secundários seriam terríveis".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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