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Chuvas diminuem, e represas batem em limite de risco
Reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste descem a 44,8% da capacidade; há um ano, estavam em 67,6%
Necessidade de energia termelétrica triplica em 12
meses; governo articula aumentar o fornecimento
de gás e óleo para usinas
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
GITÂNIO FORTES
DA REDAÇÃO
Na última quarta-feira, os reservatórios de água das usinas
hidrelétricas do Sudeste e do
Centro-Oeste desceram a
44,8% de sua capacidade, tocando no limite de risco -abaixo desse percentual, o governo
deve diminuir a geração nas hidrelétricas para conter o esvaziamento. Em 16 de janeiro do
ano passado, esses reservatórios estavam com 67,6%.
No começo de 2007, as chuvas estavam muito mais intensas nesta época em janeiro -na
ocasião, estava chovendo mais
do que a média histórica do período (161% da média histórica). Agora, o volume está bem
menor -52% da média.
Em tese, quando o nível de
risco dos reservatórios é atingido, o governo determina o acionamento das termelétricas.
Com mais energia termelétrica
produzida, as hidrelétricas são
poupadas e o esvaziamento dos
reservatórios é contido. O governo, no entanto, já havia tomado a providência de colocar
em funcionamento a maioria
das termelétricas e restam poucas usinas para acionar.
Na última quarta-feira, foram gerados 4.711 MW médios
de energia termelétrica (sem
contar as usinas nucleares), o
que representou 7,74% do total
gerado. No ano passado, quando a situação dos reservatórios
era bem melhor, foram gerados
apenas 1.469 MW médios, ou
2,66% do total. Em um ano, a
piora no nível dos reservatórios
quase triplicou a necessidade
de energia termelétrica.
Agora, o governo trabalha
com a Petrobras para aumentar
a logística de distribuição de
óleo para as termelétricas e para elevar o fornecimento de gás.
Em fevereiro, o governo conta
com a conclusão do gasoduto
que liga Vitória (ES) a Macaé
(RJ). Com isso, haverá gás para
a termelétrica de Macaé gerar
mais 1.000 MW.
No fim do primeiro semestre,
está prevista a entrada em funcionamento de um terminal de
GNL (Gás Natural Liqüefeito)
em Pecém (CE). A expectativa é
que seja possível adicionar
mais 6 milhões de metros cúbicos de gás por dia no mercado.
Em setembro, o terminal de
GNL do Rio de Janeiro, com capacidade para 14 milhões de
metros cúbicos por dia, deve
estar funcionando.
Comparação
Com exceção da região Sul,
os reservatórios das hidrelétricas estão nos mais baixos níveis, para o mês de janeiro, desde 2001, o ano do "apagão", que
marcou o governo FHC. É o que
mostra comparação realizada
pela Folha a partir de informações do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico).
A evolução do volume armazenado nas represas, chamado
pelos técnicos de "energia armazenada", indica o potencial
de movimentação das turbinas
que propicia a produção para o
consumo elétrico.
No dia 16, dado mais recente
disponível na página do ONS
na internet ontem, os reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste estavam com 44,84% da
capacidade. Janeiro de 2000
terminou com 29%. O mesmo
mês de 2001, ano do apagão,
com 31,41%. Os 44,84% representam 57,2% do volume de
água que havia nas represas das
duas regiões no final de janeiro
do ano passado. A expectativa é
de recuperação nesse número.
Ontem, em Fortaleza (CE),
foi divulgada a previsão de chuvas para o trimestre fevereiro,
março e abril. O trabalho foi
realizado pelo Inmet (Instituto
Nacional de Meteorologia, ligado ao Ministério da Agricultura) e o Cptec (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos) do Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais, vinculado ao Ministério
da Ciência e Tecnologia). A
previsão é que Sudeste e Centro-Oeste contem com chuvas
dentro da média histórica, diz o
meteorologista Fabrício Daniel
dos Santos Silva.
Na região Norte, com apenas
29,38%, a capacidade no dia 16
estava no menor patamar da
década para janeiro -na comparação com os dados fechados
para o mês. O mesmo registro
vale para o Nordeste, com
27,14%. Segundo Santos Silva,
no caso do Norte, a previsão é
que chova acima da média histórica no trimestre que se encerra no final de abril. Para boa
parte do Nordeste, a meteorologia indica chuvas em quantidades normais, mas abaixo da
média histórica na bacia do rio
São Francisco, que concentra
usinas importantes.
Com 69,86%, o Sul apresentou a mais alta capacidade de
energia armazenada entre todas as regiões do país no dia 16.
O volume representa crescimento de 10,3% em relação a
janeiro de 2007. A previsão indica, de fevereiro a abril, chuvas normais no Paraná e em
Santa Catarina, mas abaixo da
média no Rio Grande do Sul.
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