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CURTO-CIRCUITO
Para evitar reajustes de até 42,64%, agência restringe correção e escalona diferença para os próximos anos
Aneel limita aumento das contas de luz
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) decidiu limitar o
repasse para o consumidor do aumento provocado pela revisão no
valor das tarifas de energia elétrica. Para evitar altas que chegariam a 42,64% em abril, a agência
decidiu limitar o reajuste ao índice que seria concedido normalmente se não houvesse a revisão
tarifária.
Neste ano, a revisão tarifária,
que ocorre em geral a cada quatro
anos, vai atingir 17 distribuidoras
de energia. Quando feita, a revisão substitui o aumento anual
previsto no contrato de concessão, baseado na inflação medida
pelo IGP-M e por outros custos,
como o preço da energia comprada das geradoras. Ontem foram
definidas as revisões de quatro
das 17 distribuidoras.
Mesmo com a limitação divulgada ontem, as tarifas poderão
subir, em abril, até 28,55% para os
clientes da Enersul. Os reajustes
definidos pela Aneel foram os seguintes: 18,77% para a CPFL (SP),
27,49% para a Cemig (MG) e
24,99% para a Cemat (MS). As
quatro distribuidoras atendem
9,8 milhões de consumidores.
As tarifas da Enersul (MS) deveriam aumentar 42,64%, mas, por
causa do novo sistema, ficaram limitadas a 28,55% neste ano
-percentual a que a distribuidora teria direito com a aplicação
normal da fórmula de reajuste. A
diferença será repassada para os
consumidores, de forma escalonada, nos próximos quatro anos.
Também foi divulgado ontem o
percentual de um redutor que será aplicado no reajuste anual dessas distribuidoras no próximo
ano. Esse redutor, conhecido como Fator X, diminuirá o repasse
do IGP-M para as tarifas de energia no próximo ano.
No caso dos clientes da Enersul,
o reajuste em 2004 terá três componentes: o aumento previsto no
contrato de concessão, a aplicação do Fator X (que reduzirá o repasse do IGP-M) e uma parcela
dos 14,09 pontos percentuais referentes à diferença entre os 42,64%
a que a empresa teria direito e os
28,55% concedidos.
Os percentuais de aumento de
tarifa, o Fator X e a metodologia
usada para a determinação desses
números foram anunciados pela
Aneel e ficarão em consulta pública até o dia 24. Dependendo das
sugestões que forem feitas, poderão sofrer alterações.
Rentabilidade
A revisão tarifária é um processo pelo qual a Aneel analisa as
contas das distribuidoras de energia e decide qual o valor adequado
das tarifas para garantir rentabilidade à concessão. Os percentuais
de reajuste divulgados ontem garantem, segundo a agência, rentabilidade de 11,26% ao ano.
O aumento para a Enersul (MS)
chegaria a 42,64%, segundo a
agência, porque as tarifas da empresa estavam defasadas e a empresa precisa fazer investimentos
altos. Ela terá direito a esse aumento, mas de forma escalonada
no que exceder os 28,55%.
Durante o processo de revisão
tarifária, empresas que atendem a
regiões menos populosas no Norte, Centro-Oeste e Nordeste terão
reajustes maiores do que as distribuidoras que fornecem energia
nos grandes centros urbanos e industriais das regiões Sul e Sudeste.
Crise
O superintendente de Regulação Econômica da Aneel, César
Antônio Gonçalves, disse que a situação de endividamento de algumas concessionárias não foi levada em conta para justificar reajustes mais altos de tarifa.
"A revisão é para dar equilíbrio
econômico e financeiro para as
empresas. Se a concessionária, de
forma imprudente, se afasta de
uma gestão ideal, ela terá que pagar por isso", afirmou.
Segundo ele, a Aneel também
levou em conta, como já havia feito nas revisões da Escelsa (ES), em
1998 e 2001, o risco-país do Brasil
para calcular a rentabilidade da
empresa. Para evitar distorções, a
Aneel usou uma série histórica da
taxa de risco desde 1994.
Valdir Wolfe, diretor da Cemat
(MT), disse que a distribuidora
irá aproveitar a consulta pública
para tentar corrigir os percentuais
divulgados pela Aneel. Segundo
ele, o aumento da tarifa teria de
ser maior porque a base de remuneração da concessionária não teria sido calculada corretamente.
Procuradas pela reportagem, as
outras três empresas não se manifestaram até o fechamento desta
edição.
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