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Governador reafirma disposição de suspender pagamentos
Para Requião, contrato com térmicas quebraria a Copel
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador do Paraná, Roberto Requião, justificou ontem a
suspensão dos pagamentos da
compra de energia de origem térmica pela Copel, no valor de R$
1,3 bilhão por ano, pois, caso contrário, "a quebra da empresa seria
inevitável". A explicação foi dada
durante a reabertura dos trabalhos na Assembléia Legislativa do
Estado.
Requião reafirmou sua disposição de romper os contratos assinados no governo anterior entre a
estatal de energia e a Cien, empresa argentina subsidiária do grupo
espanhol Endesa, e a termelétrica
de Araucária, controlada pela
americana El Paso.
A Copel paga o equivalente a
US$ 28 por megawat/hora
(MWh) da energia importada da
Argentina pela Cien e US$ 42 o
MWh da Araucária. Mas, com a
queda do consumo após o racionamento, não tem a quem repassá-la. A empresa acaba tendo de
revendê-la, com prejuízo, no
MAE (Mercado Atacadista de
Energia). "Se for negociar essa
energia no mercado, ela não vai
conseguir mais do que R$ 4 por
megawat/hora", diz Requião.
O governador classificou os
contratos assinados de acordo
com o sistema "take or paid" (pegue ou pague) como fruto de uma
"matemática da estupidez ou da
prevaricação". Esse tipo de contrato determina que os pagamentos devem ser feitos mesmo que a
energia não seja usada pelo comprador.
Quando foram firmados, em
1998, antes do racionamento, as
projeções no setor elétrico eram
de aumento da demanda em todo
o país nos anos seguintes. Segundo informa a direção da Cien, em
comunicado oficial, "os contratos
foram negociados ao longo de
dois anos para aliviar o déficit
energético do Brasil e foram cumpridos até dezembro do ano passado".
Para viabilizar o fornecimento,
a Cien investiu, na época, US$ 700
milhões na chamada "Interconexão Brasil-Argentina, a construção de linhas de transmissão para
fazer chegar ao Sul e Sudeste, a
energia gerada no país vizinho.
"Os investimentos foram financiados pelo BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento" e pelo KfW, um banco de fomento,
que já estão cientes da situação",
diz o comunicado da Cien.
O projeto foi aprovado, na época, pela Aneel (Agência Nacional
de Energia Elétrica). Segundo informação da Cien, incluía além
dos 800 MW contratados pela Copel, 700 MW para Furnas, 300 para a Tractebel e para a 200 Cerj.
Essas três empresas estão com os
pagamentos em dia.
O analista do setor elétrico do
Unibanco, Sérgio Tamashiro,
lembra, porém, que os contratos
com as três distribuidoras não é
pelo sistema "take or pay". "Elas
pagam um custo fixo mensal
equivalente a um terço do desembolso da Copel".
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