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São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 2003

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Setor deve US$ 477,6 bilhões nos EUA

SHEILA MCNULTY
DO "FINANCIAL TIMES", EM HOUSTON

A crise de débito do setor de gás e energia nos Estados Unidos continua a crescer, e o total de endividamento das empresas atingiu US$ 477,6 bilhões no ano passado. Ao final de 2001, o total era de US$ 450 bilhões.
As distribuidoras são responsáveis por uma boa parte dessa dívida, de acordo com a SNL Financial, uma empresa independente de pesquisa. Segundo a consultoria, apenas as nove principais distribuidoras elétricas, como a El Paso e a Duke Energy, acumulam um débito de US$ 116,5 bilhões.
"O problema do endividamento do setor de energia alcançou proporções críticas", afirmou Karl Miller, sócio de uma empresa que negocia energia no mercado norte-americano. "As companhias simplesmente não têm o fluxo de caixa necessário para pagar o serviço da dívida."
O valor de mercado conjunto das nove principais distribuidoras é hoje de US$ 28,1 bilhões. A cifra representa uma queda de mais de 70% em relação ao valor que elas tinham antes do colapso da Enron, em dezembro de 2001.
Com a quebra da Enron, que era a maior do setor e pediu concordata depois de denúncias de fraudes fiscais e contábeis, a maioria das empresas teve sua classificação de crédito rebaixada para a categoria "junk bonds" (alta probabilidade de inadimplência).
Os principais bancos dos EUA, como o JP Morgan Chase e o Citigroup, viram-se forçados a fazer grandes provisões para se protegerem dos calotes do setor. De acordo com especialistas, as instituições financeiras enfrentarão perdas bilionárias.
Segundo a Standard & Poor's, agência de classificação de crédito, as companhias de energia enfrentarão, somente neste ano, cerca de US$ 40 bilhões em vencimentos. Algumas distribuidoras já vislumbram a concordata.
Não apenas bancos norte-americanos terão seus balanços afetados pela crise do setor energético. Também as grandes instituições européias se preparam para amargar grandes perdas. Segundo a S&P, os europeus emprestaram US$ 70 bilhões às empresas dos EUA, e, nos próximos quatro anos, vencem US$ 43 bilhões.


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