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São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 2003

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ANO DO DRAGÃO

Pesquisa do Banco Central detecta expectativa de alta da inflação; Copom define taxa básica amanhã

Mercado pessimista reforça alta de juros

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pesquisa feita pelo Banco Central entre 76 bancos e empresas de consultoria mostra que o mercado continua pessimista em relação ao comportamento da inflação neste ano, o que aumenta a possibilidade de o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) voltar a elevar os juros básicos da economia nesta semana.
Segundo o levantamento, o mercado projeta uma elevação de 11,99% para a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano. Na semana passada, a mesma pesquisa apontava para um índice de 11,84%. Ambas as estimativas estão acima dos 8,5%, a meta do BC.
Em janeiro, o Copom se reuniu pela primeira vez desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e elevou os juros de 25% para 25,5% ao ano. Ao anunciar a decisão, o BC afirmou que, apesar do recuo dos índices de preços observados nos últimos meses, a alta dos juros era necessária para conter o pessimismo do mercado.
De lá para cá, a alta projetada para o IPCA, segundo a pesquisa do BC, passou de 11,35% para 11,99%. Já os índices de preços mostraram, em janeiro, que a inflação continua elevada. O IPCA, por exemplo, subiu 2,25% -ou seja, subiu em um mês mais de um quarto da meta fixada para todo o ano de 2003.
Nem mesmo a notícia de que o governo pretende obter um superávit primário (economia de dinheiro para o pagamento de juros) ainda maior neste ano foi suficiente para controlar as expectativas do mercado. Na semana retrasada, a equipe econômica anunciou que a meta fiscal seria o equivalente a 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto), contra 3,75% da meta anterior.
Em tese, um maior superávit primário teria, sobre os preços, efeito semelhante a um aumento de juros: colaboraria para desaquecer a economia, ajudando no controle da inflação.
O receio do BC é que a própria expectativa de que a inflação vá subir faça com que as empresas reajustem seus preços, realimentando o pessimismo e colocando em risco o cumprimento da meta fixada pela equipe econômica.
A situação pode ficar ainda pior no caso de uma guerra entre EUA e Iraque. Um dos efeitos desse conflito seria a disparada do preço internacional do petróleo, que poderia levar a mais reajustes dos combustíveis no Brasil.
O próprio mercado já mostra que acredita na manutenção dos juros em níveis elevados por mais tempo. Ainda segundo o levantamento do BC, projeta-se que a taxa Selic vá cair até 23,20% até dezembro. Na semana passada, a estimativa estava em 23%.


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