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São Paulo, terça-feira, 18 de fevereiro de 2003

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HORTA QUEIMADA

Chuvas em excesso, seguidas de forte calor, estragam alface e outras hortaliças; consumidor evita produtos

Verdura cara sai do cardápio do paulistano

Divulgação
Produção de algodão na Chapada Ipameri, no leste de Goiás; país deve ter de importar 130 mil toneladas neste ano


MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

Janeiro e fevereiro é um período de alta nos preços das verduras. Os consumidores já estão acostumados. Neste ano, no entanto, a evolução dos preços é tão grande que alguns produtos, como a alface, estão sendo retirados dos cardápios de restaurantes e de entrepostos de vendas.
A alta nos preços da verdura, comparados os preços deste mês com os do mesmo mês de 2002, chega a 495%. Essa evolução se deve a uma forte redução na oferta do produto, provocada pelo clima das últimas semanas.
A entrada de verduras na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo) teve queda de 30% nas últimas semanas, diz Flávio Luís Godas, economista da instituição.
"Calor e chuva são responsáveis pela redução de oferta", diz Godas. Desde o dia 10 de janeiro que as chuvas são intensas nas áreas de produção de verduras e legumes -o chamado "cinturão verde", que engloba cidades próximas a São Paulo. As chuvas são seguidas, em geral, por forte calor, que provoca redução na qualidade das verduras. Chuva e calor queimam e apodrecem as plantas.
A dificuldade de abastecimento e a má qualidade do produto fizeram com que alguns comerciantes suspendessem a comercialização de verduras.
Paulo Vasconcellos, proprietário de uma quitanda na Vila Madalena, em São Paulo, interrompeu a venda de verduras. As reclamações dos clientes eram tantas sobre os preços e a qualidade do produto que ele só deverá retomar a venda de verduras quando o abastecimento for normalizado.
Godas diz que a perspectiva de melhora no abastecimento não ocorre antes de março. E os produtores não podem ser acusados pela alta dos preços, diz o economista. Eles se preparam para esse período, mas foram surpreendidos pelo excesso de chuvas.
Vasconcellos, também proprietário de um restaurante, teve de substituir a escarola pela mostarda na pizza. Ele deixou de utilizar a escarola porque a alta do produto, superior a 200%, elevaria o custo das pizzas. Ele preferiu a substituição a reajustar os preços para os consumidores.
Elizabete Silvestre Grillo, gerente da Pastrami Delicatesse, casa especializada em saladas, diz que não consegue verdura suficiente para o abastecimento da loja.
Os preços estão salgados, diz Elizabete, mas não foram repassados para o consumidor. "Estamos assumindo os custos até que a situação volte à normalidade."


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