São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Obama assina pacote e não descarta novo plano

Hipótese de novo estímulo "não está descartada", diz porta-voz de presidente

Democrata sanciona lei que prevê gasto federal de US$ 787,2 bi nos próximos dez anos, a maior iniciativa do tipo da história recente dos EUA


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

"Lá vai. Está feito." Com essa frase e sua assinatura, o presidente norte-americano Barack Obama transformou em lei o maior pacote de estímulo econômico da história recente dos Estados Unidos, que prevê um gasto em dez anos de US$ 787,2 bilhões, ou 5,4% do PIB do país, a maior economia do mundo. Apesar disso, e dada a gravidade da crise atual, a medida pode não ser suficiente.
Depois de dizer que estava "iniciado o trabalho de manter o sonho americano vivo", Obama deu a entender e um assessor dissera antes que novos planos não estão descartados. "Eu não quero fingir que isso marca o fim de nossos problemas econômicos", disse ele durante a cerimônia de assinatura, em Denver, no Colorado. "Hoje marca o início do fim."
Antes, em conversa com os jornalistas no Air Force One a caminho do evento público, o porta-voz da Casa Branca respondeu diretamente sobre a possibilidade de um novo plano, caso esse não resolva a crise. "Eu não descartaria" a hipótese, disse Robert Gibbs, "ao mesmo tempo que eu não diria que nós já estejamos fazendo planos." O presidente "vai fazer o que for necessário para fazer crescer essa economia."
Nos últimos dias, economistas de diversas tendências temem que o pacote tenha sido aprovado tarde demais e com um tamanho modesto demais. Gibbs procurou amenizar as críticas. "O tamanho originalmente previsto pelo presidente foi de US$ 675 bilhões a US$ 775 bilhões em reunião com sua equipe econômica em dezembro", disse o porta-voz, "e hoje estamos assinando um plano de US$ 787,2 bilhões."
O valor é superlativo sob qualquer ponto de vista. Equivale a cerca de meio PIB brasileiro e, distribuído pela população norte-americana, colocaria US$ 2,7 mil no bolso de cada habitante.
Ainda assim, chega num momento em que o combalido sistema bancário norte-americano corre o risco de ser nacionalizado de fato e o mercado de trabalho fecha 20 mil vagas por dia, segundo números de janeiro. Na tarde da sanção do plano por Obama, o índice industrial Dow Jones despencou 3,8%, batendo nos 7.552,60 pontos e quase atingindo a baixa recorde de novembro último.
O presidente manteve seu discurso otimista. Disse que o plano criaria ou garantiria a manutenção de 3,5 milhões de empregos nos próximos dois anos e que a porção que previa cortes de impostos era a "mais progressiva em nossa história", "com trabalhadores que ganham menos se beneficiando mais". De fato, 95% dos contribuintes receberão um corte anual de US$ 400.
Continuaram na lei duas emendas polêmicas. Uma delas é a "Buy American" (compre produtos americanos), que exige que todo aço, ferro e manufaturados usados nos projetos de infraestrutura bancados pelo pacote sejam americanos ou de parceiros de tratados comerciais com os EUA, o que prejudica o Brasil, entre outros.
A outra, a "Employ American" (empregue americanos), discrimina estrangeiros portadores de visto de mão-de-obra qualificada em contratações de instituições financeiras auxiliadas pelo governo.


Texto Anterior: Alexandre Schwartsman: Sem norte
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.