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Obama assina pacote e não descarta novo plano
Hipótese de novo estímulo "não está descartada", diz porta-voz de presidente
Democrata sanciona lei
que prevê gasto federal de
US$ 787,2 bi nos próximos dez anos, a maior iniciativa do tipo da história recente dos EUA
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
"Lá vai. Está feito." Com essa
frase e sua assinatura, o presidente norte-americano Barack
Obama transformou em lei o
maior pacote de estímulo econômico da história recente dos
Estados Unidos, que prevê um
gasto em dez anos de US$ 787,2
bilhões, ou 5,4% do PIB do país,
a maior economia do mundo.
Apesar disso, e dada a gravidade da crise atual, a medida pode
não ser suficiente.
Depois de dizer que estava
"iniciado o trabalho de manter
o sonho americano vivo", Obama deu a entender e um assessor dissera antes que novos planos não estão descartados. "Eu
não quero fingir que isso marca
o fim de nossos problemas econômicos", disse ele durante a
cerimônia de assinatura, em
Denver, no Colorado. "Hoje
marca o início do fim."
Antes, em conversa com os
jornalistas no Air Force One a
caminho do evento público, o
porta-voz da Casa Branca respondeu diretamente sobre a
possibilidade de um novo plano, caso esse não resolva a crise. "Eu não descartaria" a hipótese, disse Robert Gibbs, "ao
mesmo tempo que eu não diria
que nós já estejamos fazendo
planos." O presidente "vai fazer
o que for necessário para fazer
crescer essa economia."
Nos últimos dias, economistas de diversas tendências temem que o pacote tenha sido
aprovado tarde demais e com
um tamanho modesto demais.
Gibbs procurou amenizar as
críticas. "O tamanho originalmente previsto pelo presidente
foi de US$ 675 bilhões a US$
775 bilhões em reunião com
sua equipe econômica em dezembro", disse o porta-voz, "e
hoje estamos assinando um
plano de US$ 787,2 bilhões."
O valor é superlativo sob
qualquer ponto de vista. Equivale a cerca de meio PIB brasileiro e, distribuído pela população norte-americana, colocaria
US$ 2,7 mil no bolso de cada
habitante.
Ainda assim, chega num momento em que o combalido sistema bancário norte-americano corre o risco de ser nacionalizado de fato e o mercado de
trabalho fecha 20 mil vagas por
dia, segundo números de janeiro. Na tarde da sanção do plano
por Obama, o índice industrial
Dow Jones despencou 3,8%,
batendo nos 7.552,60 pontos e
quase atingindo a baixa recorde
de novembro último.
O presidente manteve seu
discurso otimista. Disse que o
plano criaria ou garantiria a
manutenção de 3,5 milhões de
empregos nos próximos dois
anos e que a porção que previa
cortes de impostos era a "mais
progressiva em nossa história",
"com trabalhadores que ganham menos se beneficiando
mais". De fato, 95% dos contribuintes receberão um corte
anual de US$ 400.
Continuaram na lei duas
emendas polêmicas. Uma delas
é a "Buy American" (compre
produtos americanos), que exige que todo aço, ferro e manufaturados usados nos projetos
de infraestrutura bancados pelo pacote sejam americanos ou
de parceiros de tratados comerciais com os EUA, o que
prejudica o Brasil, entre outros.
A outra, a "Employ American" (empregue americanos),
discrimina estrangeiros portadores de visto de mão-de-obra
qualificada em contratações de
instituições financeiras auxiliadas pelo governo.
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