São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

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Casa Branca promete plano "consistente" contra despejos

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Em meio ao aumento do número de pessoas despejadas e a aparição de grupos que começam a pregar a desobediência civil contra ordens judiciais de desocupação, o governo dos EUA promete apresentar hoje um "plano consistente" para tentar estancar o problema -que está na base da atual crise financeira global.
No ano passado, 2,33 milhões de imóveis nos EUA receberam notificações judiciais (expedidas por Cortes) informando que o dono do imóvel, geralmente um banco, iria retomá-lo e que o mutuário havia perdido o direito sobre ele.
O processo, conhecido como "foreclosure", poderá, no ritmo atual, envolver mais de 3 milhões de residências nos EUA ao longo de 2009.
Em dezembro, segundo a Mortgage Bankers Association, cerca de 9% das hipotecas nos EUA estavam em atraso ou em processo de "foreclosure".
O governo de Barack Obama já prometeu empregar ao menos US$ 50 bilhões (o equivalente a um quarto das reservas em dólares do Brasil) para ajudar os mutuários. O pilar do programa será usar o dinheiro para alongar prazos e diminuir o valor das prestações mensais. Uma das ideias seria encontrar maneiras de comprometer apenas 31% da renda bruta de cada família com as prestações.
"Esse é um ponto tremendamente importante em relação ao que o presidente acredita que deva ser feito daqui em diante para colocar nossa economia de volta nos trilhos", disse Robert Gibbs, porta-voz da Casa Branca, sem dar mais detalhes sobre o novo plano.
Desde a semana passada, vários bancos suspenderam os pedidos de ações judiciais contra mutuários inadimplentes à espera do novo programa.
Paralelamente, começam a surgir ações coordenadas de grupos de moradores defendendo que as famílias com ordem de despejo resistam a deixar seus imóveis.
"Os políticos já ajudaram os bancos, mas não as famílias. Chegou o momento de dizer basta", afirma Bertha Lewis, da Acorn, que iniciou a campanha em Nova York e quer levá-la a 22 cidades nos próximos dias.
Na semana passada, na Califórnia, o dono de um imóvel chamou a atenção nacional ao escrever "Quero ser ouvido" em letras gigantes no teto de sua casa. Ele acabou retirado à força, mas há casos de senhoras que se algemaram às residências e que acabaram ganhando algum tempo a mais.
Em Michigan, Illinois e Ohio, as polícias locais também decidiram suspender por conta própria os despejos até que o governo anuncie o seu plano para a área. A principal justificativa das autoridades é que não é viável retirar as famílias de suas casas em pleno inverno (no hemisfério Norte).


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