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Casa Branca promete plano "consistente" contra despejos
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Em meio ao aumento do número de pessoas despejadas e a
aparição de grupos que começam a pregar a desobediência
civil contra ordens judiciais de
desocupação, o governo dos
EUA promete apresentar hoje
um "plano consistente" para
tentar estancar o problema
-que está na base da atual crise
financeira global.
No ano passado, 2,33 milhões
de imóveis nos EUA receberam
notificações judiciais (expedidas por Cortes) informando
que o dono do imóvel, geralmente um banco, iria retomá-lo e que o mutuário havia perdido o direito sobre ele.
O processo, conhecido como
"foreclosure", poderá, no ritmo
atual, envolver mais de 3 milhões de residências nos EUA
ao longo de 2009.
Em dezembro, segundo a
Mortgage Bankers Association,
cerca de 9% das hipotecas nos
EUA estavam em atraso ou em
processo de "foreclosure".
O governo de Barack Obama
já prometeu empregar ao menos US$ 50 bilhões (o equivalente a um quarto das reservas
em dólares do Brasil) para ajudar os mutuários. O pilar do
programa será usar o dinheiro
para alongar prazos e diminuir
o valor das prestações mensais.
Uma das ideias seria encontrar
maneiras de comprometer apenas 31% da renda bruta de cada
família com as prestações.
"Esse é um ponto tremendamente importante em relação
ao que o presidente acredita
que deva ser feito daqui em
diante para colocar nossa economia de volta nos trilhos", disse Robert Gibbs, porta-voz da
Casa Branca, sem dar mais detalhes sobre o novo plano.
Desde a semana passada, vários bancos suspenderam os
pedidos de ações judiciais contra mutuários inadimplentes à
espera do novo programa.
Paralelamente, começam a
surgir ações coordenadas de
grupos de moradores defendendo que as famílias com ordem de despejo resistam a deixar seus imóveis.
"Os políticos já ajudaram os
bancos, mas não as famílias.
Chegou o momento de dizer
basta", afirma Bertha Lewis, da
Acorn, que iniciou a campanha
em Nova York e quer levá-la a
22 cidades nos próximos dias.
Na semana passada, na Califórnia, o dono de um imóvel
chamou a atenção nacional ao
escrever "Quero ser ouvido"
em letras gigantes no teto de
sua casa. Ele acabou retirado à
força, mas há casos de senhoras
que se algemaram às residências e que acabaram ganhando
algum tempo a mais.
Em Michigan, Illinois e Ohio,
as polícias locais também decidiram suspender por conta
própria os despejos até que o
governo anuncie o seu plano
para a área. A principal justificativa das autoridades é que
não é viável retirar as famílias
de suas casas em pleno inverno
(no hemisfério Norte).
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