São Paulo, quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

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Bovespa cai 4,8% em dia de pessimismo global

EPAMINONDAS NETO
DA FOLHA ONLINE

O mercado financeiro global enfrentou ontem um dos piores dias do ano, ainda à espera da definição da ajuda governamental aos principais setores da economia norte-americana. A sanção presidencial do pacote anticrise de US$ 787 bilhões pouco ajudou as Bolsas americanas e a Bovespa, que caiu 4,77% e perdeu o patamar dos 40 mil pontos -o giro financeiro foi de R$ 4,28 bilhões.
O nervosismo dos mercados se espalhou a partir das Bolsas na Europa, onde as fortes perdas sentidas no setor financeiro fizeram as praças de Londres (-2,43%), Paris (-2,94%) e Frankfurt (-3,44%) desabarem.
A queda nesses mercado foi resultado das preocupações com os bancos do Leste Europeu, depois que a agência Moody's disse que pode cortar a nota dessas instituições, cuja dependência de financiamento externo as tornou mais vulneráveis à crise no mercado de crédito global. Os dois principais índices da Bolsa russa, o Micex e o RTS, caíram 9,4% e suspenderam suas operações por uma hora.
A derrocada na cotação do barril de petróleo (7%) também pesou e levou a Petrobras a se desvalorizar em 5%, a R$ 26,52. A ação da Vale, também refletindo a queda das matérias-primas, caiu 5,4%, a R$ 29,26.
Profissionais de corretoras destacaram que o fato de o mercado americano não ter operado anteontem, devido a feriado nacional, somente piorou o quadro. Sem Wall Street, muitos investidores no Brasil haviam optado por ficar de fora dos negócios, aguardando a sinalização externa.
Ontem, esses investidores toparam com um ambiente de negócios ainda bastante pessimista. Embora o presidente dos EUA, Barack Obama, tenha afirmado que o pacote sancionado é "começo do "fim" da crise", aparentemente poucos acompanharam seu otimismo.
"Há um vaivém no mercado: as expectativas melhoram quando surgem novidades sobre mais pacotes para ajudar a economia, mas pioram quando os dados mostram a piora do nível de atividade", resume Ronaldo Zanin, gestor da Advisor Asset Management.
Ele destaca que ainda permanecem muitas dúvidas no mercado sobre a eficácia das medidas já adotadas para enfrentar a recessão nos EUA e no restante das economias centrais. "Enquanto não houver algum resultado efetivo [dessas medidas], vai continuar esse clima ruim. E essas incertezas somente deixam o mercado mais volátil", acrescenta.

Dólar
O câmbio acompanhou o nervosismo das Bolsas. A moeda norte-americana encerrou o dia no pico do pregão (R$ 2,328), disparando 2,15%.
As taxas já amanheceram sob pressão e pioraram à tarde, quando o BC se absteve de intervir. Profissionais das mesas de câmbio já comentavam que a autoridade monetária tem adotado como prática se manter à parte em momentos de mais instabilidade.


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