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Bovespa cai 4,8% em dia de pessimismo global
EPAMINONDAS NETO
DA FOLHA ONLINE
O mercado financeiro global
enfrentou ontem um dos piores dias do ano, ainda à espera
da definição da ajuda governamental aos principais setores
da economia norte-americana.
A sanção presidencial do pacote anticrise de US$ 787 bilhões
pouco ajudou as Bolsas americanas e a Bovespa, que caiu
4,77% e perdeu o patamar dos
40 mil pontos -o giro financeiro foi de R$ 4,28 bilhões.
O nervosismo dos mercados
se espalhou a partir das Bolsas
na Europa, onde as fortes perdas sentidas no setor financeiro fizeram as praças de Londres
(-2,43%), Paris (-2,94%) e
Frankfurt (-3,44%) desabarem.
A queda nesses mercado foi
resultado das preocupações
com os bancos do Leste Europeu, depois que a agência
Moody's disse que pode cortar
a nota dessas instituições, cuja
dependência de financiamento
externo as tornou mais vulneráveis à crise no mercado de
crédito global. Os dois principais índices da Bolsa russa, o
Micex e o RTS, caíram 9,4% e
suspenderam suas operações
por uma hora.
A derrocada na cotação do
barril de petróleo (7%) também
pesou e levou a Petrobras a se
desvalorizar em 5%, a R$ 26,52.
A ação da Vale, também refletindo a queda das matérias-primas, caiu 5,4%, a R$ 29,26.
Profissionais de corretoras
destacaram que o fato de o
mercado americano não ter
operado anteontem, devido a
feriado nacional, somente piorou o quadro. Sem Wall Street,
muitos investidores no Brasil
haviam optado por ficar de fora
dos negócios, aguardando a sinalização externa.
Ontem, esses investidores
toparam com um ambiente de
negócios ainda bastante pessimista. Embora o presidente
dos EUA, Barack Obama, tenha
afirmado que o pacote sancionado é "começo do "fim" da crise", aparentemente poucos
acompanharam seu otimismo.
"Há um vaivém no mercado:
as expectativas melhoram
quando surgem novidades sobre mais pacotes para ajudar a
economia, mas pioram quando
os dados mostram a piora do
nível de atividade", resume Ronaldo Zanin, gestor da Advisor
Asset Management.
Ele destaca que ainda permanecem muitas dúvidas no mercado sobre a eficácia das medidas já adotadas para enfrentar a
recessão nos EUA e no restante
das economias centrais. "Enquanto não houver algum resultado efetivo [dessas medidas], vai continuar esse clima
ruim. E essas incertezas somente deixam o mercado mais
volátil", acrescenta.
Dólar
O câmbio acompanhou o
nervosismo das Bolsas. A moeda norte-americana encerrou o
dia no pico do pregão (R$
2,328), disparando 2,15%.
As taxas já amanheceram sob
pressão e pioraram à tarde,
quando o BC se absteve de intervir. Profissionais das mesas
de câmbio já comentavam que
a autoridade monetária tem
adotado como prática se manter à parte em momentos de
mais instabilidade.
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