São Paulo, Quinta-feira, 18 de Fevereiro de 1999
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BOLSAS
Ações ficaram mais baratas para os estrangeiros
Balanço de dólar na Bovespa é positivo

VANESSA ADACHI
da Reportagem Local

Os investidores estrangeiros voltaram a comprar ações na Bolsa de Valores de São Paulo em fevereiro, após fortes saídas em 98 e também em janeiro deste ano.
Um balanço divulgado ontem pela Bolsa mostra que nos dez primeiros dias do mês houve uma entrada líquida de R$ 257,9 milhões de investidores internacionais.
Essa entrada líquida resultou de compras no valor de R$ 1,15 bilhão e vendas de R$ 890 milhões.
O retorno do capital estrangeiro não pode ser interpretado ainda como retomada da credibilidade do país no exterior.
O que impulsionou o movimento foi a desvalorização do real, que, do dia para a noite, deixou as ações brasileiras muito baratas para o bolso estrangeiro.
"Esse resultado mostra que a desvalorização trouxe os preços das ações a patamares que atraíram a atenção dos investidores internacionais, pelo menos em um primeiro momento", diz Nicolas Balafas, diretor de renda variável da BNP Asset Management.
"Até US$ 62, os recibos de Telebrás atraíram muitos estrangeiros", diz Pedro Thomazoni, diretor de mercado de capitais do Lloyds Bank. Ontem, o papel fechou a US$ 68,70 na Bovespa.
Logo que houve a desvalorização, o recibo de Telebrás chegou a ser cotado a US$ 42,75, muito abaixo do preço em Nova York.
"Os investidores compravam a ação aqui e vendiam lá", diz Thomazoni. No final de janeiro e início de fevereiro, essa diferença ficou por muitos dias em torno de US$ 2. "Comprava-se a ação no Brasil a US$ 60 e vendia-se a US$ 62 em Nova York", diz Thomazoni.
Alguns optaram por comprar e vender imediatamente. Outros compraram e aguardaram o preço subir para vender mais à frente no mercado local.
Esse investidor que ingressou em fevereiro tem um perfil muito específico: é o investidor que quer comprar na baixa e vender na alta para ganhar com a oscilação.
Por isso, ainda é cedo para se pensar que o fluxo estrangeiro para a Bolsa será restabelecido.
No curto prazo, os especialistas não descartam que haja saída de recursos. O investidor pode querer vender as ações que comprou na baixa para embolsar o lucro.


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