São Paulo, Quinta-feira, 18 de Fevereiro de 1999
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LIGAÇÕES PERIGOSAS
Economista diz que não teve cuidado ao suspeitar de ação do presidente indicado ao Banco Central
Krugman pede desculpas a Armínio Fraga

de Nova York

O economista Paul Krugman, do MIT, publicou ontem em sua página na Internet um pedido explícito de desculpas ao presidente indicado para o Banco Central, Armínio Fraga.
Em cinco itens (leia íntegra nesta página), ela diz que tudo indica que Fraga teve um comportamento correto nas últimas semanas, e que não pode comprovar os boatos e que ele não tem nada contra Fraga ou George Soros, o ex-patrão do presidente indicado para o BC.
Paul Krugman escreve que "cometeu um sério erro de julgamento" e que espera não causar dificuldades para a aprovação do nome de Fraga para o BC. O último item da nota é um pedido pessoal de desculpas, pela falta de cuidado com o assunto.
Anteontem, ele já havia recuado e dito que a acusação feita ao brasileiro baseava-se em rumores que circulavam pelo mercado. Ontem, ele admitiu ter agido "com falta de cuidado".
Krugman tentou explicar que não pretendia levantar acusações contra o brasileiro.
Ontem mesmo, ele já havia colocado na Internet uma outra nota "Mais sobre o caso Fraga" (em inglês, no endereço http://web.mit.edu/krugman/www/) -leia íntegra abaixo-, Krugman escreve ser um "cidadão livre para dar suas opiniões a quem desejar".
"Recebi informações de que o Quantum (um dos oito fundos financeiros gerenciados por George Soros) havia especulado pesadamente justamente antes de Fraga ser convidado (para a presidência do BC)", escreve Krugman.
"Conversei com Fraga e ele descreveu o melhor cenário -que seu ex-patrão não sabia de nada até o fato ser tornado público", relata.
Segundo Krugman, ele ficou "encantado" em ouvir a explicação de Fraga.
Apesar de deixar claro que estava reproduzindo informações não comprovadas, Krugman escreveu que não acreditava ter havido um "tratamento injusto" no episódio.
Logo depois, no entanto, foi acrescentado um apêndice ao artigo, em que Krugman diz estar convencido de que Fraga não fez nada de errado ("nem eu nunca suspeitei", diz o professor) nem que o brasileiro havia dado, mesmo que inadvertidamente, nenhuma informação para Soros.
"Ele é um bom economista e um bom homem", escreveu, referindo-se ao brasileiro.
Krugman afirma que não tem como provar o que escreveu. É quase impossível comprovar se Soros comprou títulos da dívida brasileira quando os papéis estavam em baixa (o mercado esperava uma moratória), ganhando dinheiro quando eles tiveram um aumento no valor de face (a indicação de Fraga contribuiu para quebrar o pessimismo do mercado).
Mesmo que Soros tenha comprado tais títulos, não significa que ele tenha tido acesso a informações confidenciais, afirma o economista do MIT.


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