São Paulo, Quinta-feira, 18 de Fevereiro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRABALHO
Órgão apura suposta irregularidade na suspensão temporária de 750 funcionários da fábrica de São Caetano
Ministério Público investiga acordo da GM

MAURICIO ESPOSITO
da Reportagem Local

O Ministério Público do Trabalho abriu investigação sobre o acordo de suspensão temporária do contrato de trabalho de 750 funcionários da General Motors do Brasil em São Caetano do Sul, no ABC paulista.
A investigação, que pode se tornar um inquérito, foi motivada por denúncia de irregularidades cometidas no acordo.
A denúncia partiu da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, que acusa a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, ligado à Força Sindical, de impor o acordo aos trabalhadores.
Segundo os metalúrgicos da CUT, a proposta de suspensão temporária do contrato de trabalho não foi posta em votação na assembléia de funcionários da GM.
A procuradora Célia Regina Camachi Stander, da regional de São Paulo do Ministério Público do Trabalho, requisitou à GM e ao sindicato, no início do mês, o envio de documentos para subsidiar a investigação.
Após o recebimento dos documentos solicitados, a procuradora vai decidir ou não pela continuidade das investigações.
O presidente do sindicato de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, até ontem não havia recebido a requisição.
Cidão se defende das acusações argumentando que a medida provisória que estabeleceu a suspensão temporária do contrato de trabalho não obriga os sindicatos a realizarem assembléia.
A medida provisória foi editada em novembro do ano passado e estabelece que a suspensão temporária do contrato de trabalho pode vigorar por até cinco meses.
A intenção do governo ao editar a medida foi oferecer aos sindicatos de trabalhadores e às empresas uma alternativa às demissões.
No período da suspensão, os trabalhadores ficam em casa recebendo parte do salário. Eles devem passar por cursos de qualificação profissional enquanto estão afastados do serviço.
Na fábrica da GM em São Caetano, devido à baixa produção, 750 funcionários foram afastados. Eles estão em casa recebendo 80% do salário bruto.
A montadora tinha planejado inicialmente suspender o contrato de mil funcionários, aproximadamente 11% do efetivo.
A GM também negocia uma solução para o excedente de pessoal na fábrica de São José dos Campos.

Ford
A direção da Ford e representantes da comissão de fábrica devem se reunir hoje para fazer o balanço do programa de demissões voluntárias na unidade de São Bernardo.
O programa, encerrado na sexta-feira passada, surgiu após a suspensão de aproximadamente 2.100 demissões ocorridas no início de janeiro.
Segundo sindicalistas, a adesão ao voluntariado não foi superior a 400 pessoas, bem abaixo do esperado. Com isso, o excedente de pessoal na fábrica da Ford do ABC, que deveria ter ficado entre 1.100 e 1.200 funcionários após o programa, pode estar em 1.700.
De acordo com avaliação do secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Carlos Alberto Grana, a baixa adesão tornará ainda mais difíceis as negociações com a montadora sobre o excedente de pessoal.
As negociações entre o sindicato e a Ford começam somente na próxima segunda-feira.


Texto Anterior: Leia a 1ª nota de ontem do economista do MIT
Próximo Texto: Mercado financeiro: Dólar é cotado a R$ 1,92, em dia fraco
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.