São Paulo, quinta-feira, 18 de março de 2004

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RECEITA GRADUAL

Copom faz corte de 0,25 ponto na Selic, que cai para 16,25% ao ano; taxa é a menor desde abril de 2001

BC vê risco menor de inflação e reduz juro

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após manter os juros inalterados em janeiro e fevereiro, o Banco Central surpreendeu e baixou ontem a taxa básica de juros da economia em 0,25 ponto percentual. A queda já era esperada pelo núcleo político do governo, mas surpreendeu o mercado, que apostava na manutenção dos juros em 16,5% ao ano.
A queda deve ajudar a reduzir o tom das críticas contra a política econômica do governo Lula, intensificadas nos últimos dias por políticos da base aliada.
"Tendo em vista indicações recentes de redução do risco de desvio da inflação em relação às metas, o Copom decidiu, por 6 votos a 3, reduzir a Selic para 16,25% ao ano", diz nota divulgada pelo BC.
A meta de inflação para este ano, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), é de 5,5%, com variação de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo.

Trajetória
A taxa permanece em 16,25% e sem viés (tendência) de baixa ao menos até a próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), em 14 de abril.
"Viés" é o mecanismo que permite uma redução dos juros entre duas reuniões do Copom sem a necessidade de convocação de uma reunião extraordinária.
Essa é a menor taxa de juros da economia desde abril de 2001, quando a Selic também estava em 16,25%. Desde então, entrou em uma trajetória de alta e chegou a 26,5% em fevereiro de 2003.
A partir de julho de 2003 o governo começou a baixar os juros mensalmente, mas interrompeu a redução em janeiro, alegando a elevação do risco de inflação.
A decisão de ontem contrariou a sinalização do próprio BC, que, ao divulgar a ata da reunião do Copom de fevereiro, indicou que não relaxaria a cautela na condução da política monetária devido à "possibilidade concreta" de que a inflação voltasse a se desviar da trajetória da meta de 5,5%.
O IPCA de fevereiro, de 0,61%, ficou abaixo dos 0,76% de janeiro e uma pesquisa do Dieese chegou a apontar deflação em São Paulo. Mas houve divergências em torno da possibilidade de a alta dos preços no atacado, captada pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços) no mês passado, ser repassada mais tarde aos consumidores.


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