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RECEITA GRADUAL
Copom faz corte de 0,25 ponto na Selic, que cai para 16,25% ao ano; taxa é a menor desde abril de 2001
BC vê risco menor de inflação e reduz juro
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após manter os juros inalterados em janeiro e fevereiro, o Banco Central surpreendeu e baixou
ontem a taxa básica de juros da
economia em 0,25 ponto percentual. A queda já era esperada pelo
núcleo político do governo, mas
surpreendeu o mercado, que
apostava na manutenção dos juros em 16,5% ao ano.
A queda deve ajudar a reduzir o
tom das críticas contra a política
econômica do governo Lula, intensificadas nos últimos dias por
políticos da base aliada.
"Tendo em vista indicações recentes de redução do risco de desvio da inflação em relação às metas, o Copom decidiu, por 6 votos
a 3, reduzir a Selic para 16,25% ao
ano", diz nota divulgada pelo BC.
A meta de inflação para este
ano, medida pelo IPCA (Índice de
Preços ao Consumidor Amplo), é
de 5,5%, com variação de 2,5 pontos percentuais para cima ou para
baixo.
Trajetória
A taxa permanece em 16,25% e
sem viés (tendência) de baixa ao
menos até a próxima reunião do
Copom (Comitê de Política Monetária), em 14 de abril.
"Viés" é o mecanismo que permite uma redução dos juros entre
duas reuniões do Copom sem a
necessidade de convocação de
uma reunião extraordinária.
Essa é a menor taxa de juros da
economia desde abril de 2001,
quando a Selic também estava em
16,25%. Desde então, entrou em
uma trajetória de alta e chegou a
26,5% em fevereiro de 2003.
A partir de julho de 2003 o governo começou a baixar os juros
mensalmente, mas interrompeu a
redução em janeiro, alegando a
elevação do risco de inflação.
A decisão de ontem contrariou
a sinalização do próprio BC, que,
ao divulgar a ata da reunião do
Copom de fevereiro, indicou que
não relaxaria a cautela na condução da política monetária devido
à "possibilidade concreta" de que
a inflação voltasse a se desviar da
trajetória da meta de 5,5%.
O IPCA de fevereiro, de 0,61%,
ficou abaixo dos 0,76% de janeiro
e uma pesquisa do Dieese chegou
a apontar deflação em São Paulo.
Mas houve divergências em torno
da possibilidade de a alta dos preços no atacado, captada pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços) no
mês passado, ser repassada mais
tarde aos consumidores.
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