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RECEITA GRADUAL
Indústria elogia decisão do Copom, mas avalia que havia espaço para que o corte dos juros fosse maior
Redução não tira apatia do mercado, diz Fiesp
DA REPORTAGEM LOCAL
A decisão do Copom (Comitê
de Política Monetária) de cortar a
Selic para 16,25% ao ano foi bem
recebida por empresários e economistas, mas a redução foi considerada insuficiente para levar o
país de volta ao crescimento.
Para a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo),
o corte "simbólico" vai no sentido
correto, mas "sem a intensidade
que permita no curto prazo alterar o estado de apatia do mercado
interno", disse o presidente da entidade, Horacio Lafer Piva.
Segundo Piva, "o espaço para a
redução dos juros era evidente
não só para empresários e trabalhadores. Macroeconomistas renomados e até mesmo ex-dirigentes do Banco Central já percebiam o custo desnecessário que a
condução da política monetária
estava causando à produção".
Na avaliação da CNI (Confederação Nacional da Indústria), a
queda foi "um importante sinal
de revisão, pelo BC, de suas expectativas sobre o desempenho
da economia brasileira".
Armando Monteiro Neto, presidente da CNI, disse, no entanto,
"que a queda poderia até mesmo
ter sido um pouco maior, sem ultrapassar os limites da responsabilidade". Para ele, há razões para
a redução: não existem pressões
de demanda, pois a economia encontra-se em processo de recuperação apenas moderada; a taxa de
câmbio permanece estável há bastante tempo; e o cenário econômico internacional é favorável.
Julio Gomes de Almeida, diretor-executivo do Iedi (Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento
Industrial), disse "estar claro que
o governo vai ter de partir para
outros instrumentos de promoção do crescimento e acelerar os
programas de política industrial".
Para Synésio Batista da Costa,
presidente da Abrinq (associação
dos fabricantes de brinquedos),
mesmo com a redução, "meio
ano já estará perdido, porque economia não é pizza que se põe no
forno e se prepara em dez minutos". Segundo ele, as taxas de juros atuais estão provocando a
"destruição gradual das pequenas
e médias empresas". José Augusto
Marques, presidente da Abdib,
associação que reúne a indústria
de infra-estrutura, disse que a redução foi "magra, mas um sinal
importante para a economia".
O comércio também recebeu o
corte com restrições. Na avaliação
de Nabil Sahyoun, presidente da
Alshop (associação dos lojistas de
shopping centers), o BC cortou os
juros ""para dar uma satisfação à
sociedade, diante da pressão dos
setores organizados".
A Fecomercio SP (Federação do
Comércio do Estado de São Paulo) também considerou a decisão
"tímida" e disse que havia espaço
para uma queda maior. "Se, nos
próximos meses, a taxa não continuar caindo, vai ficar cada vez
mais difícil acreditar no crescimento de 3% do comércio para
este ano", disse Abram Szajman,
presidente da entidade.
A Fenacrefi, que reúne as financeiras e as empresas de crédito,
destoou do discurso e disse que o
BC "agiu corretamente".
Guilherme Nóbrega, economista-chefe do Banco Fibra, elogiou o
corte. "O BC sinalizou que percebe agora um cenário muito menos nebuloso de inflação do que
via em janeiro e fevereiro. Muda a
confiança. É nesse componente
que o BC toca de forma positiva."
As maiores críticas vieram das
centrais sindicais. O presidente da
Força Sindical, Paulo Pereira da
Silva, o Paulinho, disse que a decisão do Copom foi "extremamente
tímida e preocupante" e já compromete a expectativa de crescimento para o primeiro semestre.
Para Luiz Marinho, presidente
da CUT (Central Única dos Trabalhadores), embora o Copom tenha demonstrado "bom senso", a
queda foi "tímida". Ele disse que
"é preciso que o Copom dê seqüência à política de queda de juros para que o desenvolvimento
possa acontecer e, assim, recuperar a economia e o emprego".
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