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Brasil lidera ranking dos juros reais
DENISE CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar da redução da Selic em
0,25 ponto percentual, o Brasil segue na liderança entre os principais países do mundo no ranking
de juros reais.
Levantamento da consultoria
Global Invest revela que, após a
redução da Selic, a taxa real de juros projetada para os próximos 12
meses no país passou a 10,3%. Enquanto a Selic era mantida em
16,5%, os juros reais projetados
estavam em 10,6%. A Turquia segue logo atrás, com taxa real de
8,5% ao ano.
Os juros reais são calculados a
partir da taxa atual, descontado o
IPCA projetado para os próximos
12 meses -o indicador de metas
de inflação do governo federal. A
partir de pesquisa feita pelo Banco Central no mercado, a inflação
projetada para os próximos 12
meses é de 5,38%.
O economista da Global Invest,
Alex Agostini, diz que a taxa do
Brasil também é maior do que a
média dos países emergentes, onde os juros reais estão em torno de
3,6% ao ano.
Também estão altos os juros
efetivos do país, praticados entre
março de 2003 e fevereiro de 2004.
No período, foram de 13,9%, descontada a inflação. Nessa comparação, o Brasil só perde para a
Turquia, que manteve uma taxa
de 16,7% ao ano.
"O tamanho da redução não faz
diferença. O que importa ao mercado é a sinalização do Copom de
que a taxa será menor no futuro.
Isso é o que motiva o setor produtivo a planejar os investimentos, e
o varejo, a reduzir os juros para o
consumidor", acredita Agostini.
Analistas ouvidos pela Folha
avaliam que não existem motivos
para o governo temer o risco do
aumento da inflação. Por isso, argumentam, a redução das taxas
de juros podem melhorar a confiança do país e estimular a procura de crédito.
Pesquisa da consultoria Tendências mostra que o volume de
empréstimos para pessoas físicas
cresceu 7% na média de janeiro e
fevereiro de 2004 em relação à
média do primeiro semestre de
2003. Para as empresas, os financiamentos cresceram 5% em fevereiro em comparação a janeiro.
Apesar disso, avalia o consultor
Fernando Monteiro, da Tendências, as vendas ainda estão fracas e
é pequena a busca por crédito
porque as operações de financiamento dependem mais da confiança do tomador do que da oferta. "O tomador só faz empréstimo
se sente confiança para se endividar. E confiança depende dos sinais da política monetária", diz.
Para o assessor econômico da
Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio SP),
Fábio Pina, as restrições do sistema financeiro e dos lojistas para
emprestar dinheiro explicam as
causas da "sobra" de crédito.
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