São Paulo, quinta-feira, 18 de março de 2004

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Brasil lidera ranking dos juros reais

DENISE CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar da redução da Selic em 0,25 ponto percentual, o Brasil segue na liderança entre os principais países do mundo no ranking de juros reais.
Levantamento da consultoria Global Invest revela que, após a redução da Selic, a taxa real de juros projetada para os próximos 12 meses no país passou a 10,3%. Enquanto a Selic era mantida em 16,5%, os juros reais projetados estavam em 10,6%. A Turquia segue logo atrás, com taxa real de 8,5% ao ano.
Os juros reais são calculados a partir da taxa atual, descontado o IPCA projetado para os próximos 12 meses -o indicador de metas de inflação do governo federal. A partir de pesquisa feita pelo Banco Central no mercado, a inflação projetada para os próximos 12 meses é de 5,38%.
O economista da Global Invest, Alex Agostini, diz que a taxa do Brasil também é maior do que a média dos países emergentes, onde os juros reais estão em torno de 3,6% ao ano.
Também estão altos os juros efetivos do país, praticados entre março de 2003 e fevereiro de 2004. No período, foram de 13,9%, descontada a inflação. Nessa comparação, o Brasil só perde para a Turquia, que manteve uma taxa de 16,7% ao ano.
"O tamanho da redução não faz diferença. O que importa ao mercado é a sinalização do Copom de que a taxa será menor no futuro. Isso é o que motiva o setor produtivo a planejar os investimentos, e o varejo, a reduzir os juros para o consumidor", acredita Agostini.
Analistas ouvidos pela Folha avaliam que não existem motivos para o governo temer o risco do aumento da inflação. Por isso, argumentam, a redução das taxas de juros podem melhorar a confiança do país e estimular a procura de crédito.
Pesquisa da consultoria Tendências mostra que o volume de empréstimos para pessoas físicas cresceu 7% na média de janeiro e fevereiro de 2004 em relação à média do primeiro semestre de 2003. Para as empresas, os financiamentos cresceram 5% em fevereiro em comparação a janeiro.
Apesar disso, avalia o consultor Fernando Monteiro, da Tendências, as vendas ainda estão fracas e é pequena a busca por crédito porque as operações de financiamento dependem mais da confiança do tomador do que da oferta. "O tomador só faz empréstimo se sente confiança para se endividar. E confiança depende dos sinais da política monetária", diz.
Para o assessor econômico da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio SP), Fábio Pina, as restrições do sistema financeiro e dos lojistas para emprestar dinheiro explicam as causas da "sobra" de crédito.


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